Zidane é galã por um dia no Festival de Cannes

Craque de futebol francês é tema do filme Zidane: Um Retrato do Século 21, dos diretores Philippe Parreno e Douglas Gordon, exibido fora da competição

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Por Agencia Estado
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Imagens de cada respiro, cada instante, cada trejeito, cada sorriso de um herói do imaginário moderno constituem o projeto do filme Zidane: Um Retrato do Século 21, dos diretores Philippe Parreno e Douglas Gordon, apresentado hoje fora de competição pela seleção oficial do Festival de Cinema de Cannes. O filme ultrapassa os limites de um simples documentário e chega à seleção oficial do Festival ao atingir o auge da expectativa na imprensa da França, afinal trata-se do herói da casa. Apresentado com muito clamor e grande expectativa pelos dois diretores, o filme apresenta uma atuação inesperada. A ocasião é uma partida do campeonato espanhol na qual o jogador francês Zinedine Zidane atua pelo Real Madrid. A sua atenção estava toda voltada para o jogo, a bola, a conclusão da vitória contra o Villareal. Mas, contemporaneamente, o grande campeão estava no jogo da perseguição cinematográfica. "Ele sempre esteve consciente de ser o único objeto de atenção para as sofisticadíssimas câmeras cinematográficas com filmes de Super 35mm que buscavam cada gesto seu para retratar o homem antes do jogador. E o efeito se observa quando ele olha em volta, quando espia o olho mecânico entre milhares de olhos humanos, quando brinca sozinho, quando se enraivece por um erro ou sofre por uma falta recebida", explicam os diretores. O efeito é certamente surpreendente também para quem não está acostumado com futebol. A primeira vista, se assiste a um impressionante efeito de paixão coletiva, que aos poucos se focaliza em apenas um homem ao centro da cena. E se percebe, ainda que sem o seu comentário, que Zidane não é um jogador e um homem como muitos outros. Sempre à frente pelas causas sociais das minorias étnicas na França (ele próprio é francês de origem argelina), sempre atento aos valores dos quais o esporte é veículo mas também espelho deformador, sempre imprevisível nas suas decisões (a última foi decidir deixar a carreira no auge e nas vésperas da Copa do Mundo da Alemanha), Zidane é realmente um singular herói dos nossos tempos.

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