Winona Ryder possuída por demônios em "Dominação"

"Nunca fiz um filme desse gênero e, quando ficar mais velha, eu gostaria de olhar para trás em minha carreira e ver que experimentei de tudo", explica Winona diplomaticamente sobre um filme que foi totalmente picotado na sala de edição

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Por Agencia Estado
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Marca registrada de seu look, os enormes olhos de Winona Ryder, ganham mais vida quando ela começa a falar sobre a primeira vez que viu O Exorcista e quanto esse clássico do terror da década de 70 com Ellen Burstyn e uma pequena Linda Blair endemoniada a aterrorizou. Winona fica menos empolgada ao comentar os motivos que a levaram ao papel principal de uma variação de O Exorcista, o longa Dominação (The Lost Souls), que estréia nesta sexta-feira. Primeiro filme do diretor de fotografia Janusz Kaminski, que venceu o Oscar de sua categoria por A Lista de Schindler, Dominação vem a ser a segunda produção-problema desse tumultuado ano na carreira de Winona. Em março, o filme Garota Interrompida, que consumiu três anos da carreira da atriz para ser produzido, rendeu um Oscar de coadjuvante para Angelina Jolie. O trabalho de Winona, também atriz principal do projeto, nem sequer foi celebrado. Naquela época, em entrevista ao Estado Winona apontava sussurrante que o pior estava por vir. O filme Outono em Nova York foi uma bomba catastrófica na carreira da atriz. O romance entre Richard Gere e uma mocinha romântica, indefesa e com doença terminal foi um dos pratos principais da crítica em 2000, apesar da moderada performance do filme na bilheteria americana. "Eu realmente sei que não estava bem como atriz naquele filme, mas isso é tudo o que você vai ouvir de mim", explica Winona dando uma risada meio irritada. "Sem ofensa a sua profissão, eu acho que existe uma grande ênfase da imprensa hoje em relação à bilheteria; e muito do mistério dos filmes não permanece mais", prossegue. "Hoje é tudo sobre valores, performances e perspectivas, isso não me interessa." Sobrenaturais - Dominação traz Winona como uma jovem professora católica, já possuída por demônios, que acompanha dois padres (um deles interpretado pelo ator inglês John Hurt) num exorcismo a um serial killer. Ao decifrar os códigos sobrenaturais deixados no diário desse assassino, Winona descobre que a próxima pessoa a ser possuída é um escritor de best sellers, interpretado pelo jovem ator inglês Ben Chaplin (de Além da Linha Vermelha e o remake de A Herdeira). "Nunca fiz um filme desse gênero e, quando ficar mais velha, eu gostaria de olhar para trás em minha carreira e ver que experimentei de tudo", explica Winona diplomaticamente sobre um filme que foi totalmente picotado na sala de edição. O que reaviva a conversa é o processo de pesquisa ao qual ela se submeteu. Winona explica que conversou com uma das maiores sumidades de exorcismo em Nova York, o padre James Lebar. Ao ser indagada se ainda existem tais rituais hoje em dia, ela cai na gargalhada. "Somente no ano passado, o padre Lebar deve ter feito uns seis exorcismos em NY", revela. "Ele foi muito honesto em dizer que, quase todos os casos de gente possuída, são fraudes: esquizofrênicos crônicos ou que sofrem de outras doenças mentais se sentindo atacados pelo demônio", prossegue. "Mas ele disse que não descarta a possibilidade de possessão demoníaca e eu o respeito por isso", diz a atriz cujo pai é ateu e a mãe budista. "Minha criação religiosa não foi nada ortodoxa. Acredito numa força superior, mas acho uma bobagem essa culpa impingida pelo catolicismo." Meg Ryan - Dominação foi um projeto desenvolvido pela companhia produtora de Meg Ryan, a Prufrock (o nome da atriz de Sintonia de Amor aparece devidamente creditado), que buscava um roteiro "com uma boa mensagem espiritual". Ao achar que encontrou isso antes em Cidade dos Anjos, remake new age de Asas do Desejo que fez com o ator Nicolas Cage, Meg continuou tocando o projeto de Dominação, mas somente no papel de produtora. Apaixonado pelo visual do filme, uma mistura das cores sufocantes dos trabalhos mais dramáticos de compatriotas como Roman Polanski e Krzystof Kieslowski, o fotógrafo polonês Kaminski achou que Dominação seria um bom primeiro exercício na função de cineasta. "Fiquei mais fascinado pela idéia de duas pessoas questionando sua fé e procurando por respostas, do que o caráter sobrenatural do filme", diz. "Sou meio sarcástico em relação à religião e queria confrontar isso", afirma o diretor que, recentemente, e com matizes mais claras, clicou sua mulher, a atriz Holly Hunter, num editorial de moda para a revista do New York Times. Ao ficar pronto para o lançamento no final de 1999, o estúdio New Line Cinema, braço da Time Warner, viu que seu filme seria ensanduichado entre uma série de thrillers sobrenaturais, como Stigmata (com Patricia Arquete), Fim dos Dias (Arnold Schwarzenegger), Ecos do Além (Kevin Bacon), além do sucesso de O Sexto Sentido. Além disso, o final, abrupto demais, deveria ser refilmado. "Todos esses filmes fizeram com que o estúdio ficasse com medo", explica o diretor. "Não tinha nada de errado com nosso final, mas, mesmo assim, acatamos as ordens", explica o polonês, que até contou com a participação do montador de O Sexto Sentido na segunda edição do filme. Kaminski parece não ter perdido a pose. O filme que ele roda agora, como diretor de fotografia, é a mais aguardada produção de 2001: AI (Inteligência Artificial), projeto de ficção científica pré-desenvolvido por Stanley Kubrick e agora executado por Spielberg. "O filme vai ficar animal!", diz Kaminski.

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