Wim Wenders é homenageado em Locarno

O cineasta recebeu o Leopardo de Ouro em homenagem a toda a sua obra, que inclui filmes como Paris, Texas e Asas do Desejo

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Por Agencia Estado
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Irene Bignardi, a diretora do Festival de Locarno, ex-crítica de cinema de La Republica, vai deixar o posto, mas, antes, quis entregar três Leopardos de Ouro a cineastas de sua preferência. O primeiro é Wim Wenders, que também mostrou ontem na Piazza Grande seu último filme - Don´t Come Knocking. O prêmio é em homenagem à totalidade de seus filmes, entre os quais se destacam Paris, Texas e Asas do Desejo, Palmas de Ouro em Cannes, em 1984 e 1987, e Der Stand des Dinge, Leão de Ouro de Veneza, em 1982. Hoje com 60 anos, Wim Wenders estudou primeiro a medicina e a filosofia antes de se diplomar pela Academia de Televisão e Cinema, de Munique. Dois traços tornam reconhecíveis os filmes de Wenders - a solidão dos personagens e os grandes espaços nos quais se deslocam, ao que junta o questionamento introspectivo e da comunicação dentro da sociedade. É o mais americano dos cineastas alemães ou europeus. No seu encontro com a imprensa, Wim Wenders contou que, no impacto da cultura americana sobre a alemã do pós guerra, foi aos EUA com a intenção de fazer filmes em Hollywood e se tornar americano. "Logo, porém, percebi que nem uma nem outra coisa seriam possíveis, pois eu já era muito europeu. Sempre levei comigo uma parcela da Alemanha. Na verdade, mesmo os filmes que fiz nos EUA foram financiados por fundos europeus, exceto o primeiro Hammet, razão de muita dor de cabeça com o estúdio que me encomendou". "Tenho uma relação de amor-ódio com o cinema americano e com os EUA, enquanto sua cultura e sua política me dão medo algumas vezes. Mas acho que no cinema americano sempre houve duas correntes - a comercial e a independente. São dois universos independentes diante dos quais é preciso se decidir". Sobre a atual onda de antiamericanismo, explica que, "no seu filme Land of Plenty, procurou diluir a imagem negativa americana, mostrando que o país não se resume como bom ou ruim". Sobre seu último filme, no qual um ator cowboy retorna a Montana, sua cidade natal, depois de uma vida passada no vício, diz que "faz algum tempo, aprendeu a desconfiar dos cowboys, inclusive do que ocupa a Casa Branca".

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