Conheça a ‘casa sombria’ de Guillermo Del Toro, um museu de clássicos do terror

Há mais de 700 obras de arte originais até rascunhos conceituais para Fantasia e A Bela Adormecida, da Disney; veja galaria de fotos

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Por Melena Ryzik
Atualização:

Atenção à música sinistra; ignore a forte luz do sol. Toque a campainha de uma discreta casa suburbana, com a cerca viva bem cuidada. Com o canto dos olhos, vemos uma pequena placa escondida nas urzes. “Casa Sombria”, está escrito.

A porta se abre e ali vemos, cercado por paredes vermelho-sangue, um mastim com quatro olhos e presas imensas. No andar de cima, a cabeça do monstro de Frankenstein flutua, imensa e separada do corpo. Olhando para nós na sala de estar, folheando um livro com os dedos, vemos o romancista de horror do início do século 20, H. P. Lovecraft. Num sofá vitoriano, uma boneca demente olha para uma carranca de bronze. Bem-vindos à imaginação de Guillermo del Toro.

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Casa Sombria foi o nome que del Toro, cineasta mexicano conhecido pela aterrorizante fantasia O Labirinto do Fauno, escolheu para sua casa, que funciona como repositório e inspiração. É ali que ele escreve seus roteiros e, quando está envolvido numa produção, um punhado de designers trabalha na garagem transformada em estúdio.

Há bibliotecas de referência de ocultismo, horror, contos de fadas (numa sala secreta, atrás de uma estante de livros), história, mitologia teutônica, anatomia e romance gótico. Esse último gênero inspirou A Colina Escarlate. Ele e sua equipe a criaram, desde o porão gosmento até os rostos escondidos nos entalhes da madeira. Mia Wasikowska estrela como jovem noiva, Tom Hiddleston é seu misterioso marido e Jessica Chastain é a irmã dele. 

“Adoro a ideia de o romance gótico ter sido inicialmente chamado de ‘terror agradável’”, diz Del Toro, que escreveu o roteiro com Matthew Robbins.

“Guillermo tem uma imaginação possivelmente mais precisa e rigorosa que qualquer outro diretor com quem eu tenha trabalhado”, disse Hiddleston. Ele “encontra beleza nas sombras”.

Del Toro acredita em fantasmas, é claro, e se algum espírito invade seu espaço, é o de Forrest J Ackerman, autor de ficção científica e horror que começou a ler na infância. Tornaram-se amigos em Los Angeles, conversando a respeito de sobremesas na House of Pies. “Esta casa é basicamente uma resposta à casa dele”, outra mansão mal-assombrada, diz Del Toro.

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Há mais de 700 obras de arte originais na Casa Sombria, de autores como R. Crumb e H. R. Giger até rascunhos conceituais para Fantasia e A Bela Adormecida, da Disney. É mesmo a caverna do homem com uma fantasia pré-adolescente, com cenas da crucificação e esqueletos espremidos atrás de bonecos fofíssimos dos filmes de Miyazaki. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

 

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