Viola Davis e outras celebridades falam da sua relação dolorosa com a alopecia

Artistas começaram a falar recentemente sobre a alopecia, doença autoimune que afeta cerca de 147 milhões de pessoas no mundo

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Por Paula Ramon
Atualização:

"Doloroso", "deprimente" e "embaraçoso" foram alguns adjetivos que atrizes de Hollywood, como Jada Pinkett Smith, e outras personalidades usaram ao tornarem pública sua luta contra a perda de cabelo.

A atriz Viola Davis em 2015, na época em que atuava em 'How to Get Away with Murder' Foto: Mike Blake/Reuters

Jada falou pela primeira vez em 2018 sobre o diagnóstico de alopecia, que, no seu caso, é autoimune: "Foi um desses momentos da minha vida em que eu estava tremendo de medo", contou.

O tema se tornou um tópico global na noite deste domingo, após uma piada feita pelo comediante Chris Rock durante a cerimônia do Oscar, que acabou em uma agressão do ator Will Smith.

Jada Pinkett Smith, alvo de piada de Chris Rock, em festa do Oscar Foto: Danny Moloshok/Reuters

"Vamos falar sobre como é viver com alopecia", tuitou a deputada democrata Ayanna Pressley, que tornou público seu diagnóstico em 2020. "Os momentos profundamente vulneráveis e difíceis que nossas famílias veem", acrescentou Ayanna, que se apressou a cumprimentar Smith no Twitter, apagando a mensagem posteriormente.

A deputada republicana Ayanna Pressley em 2020 Foto: Tom Williams/Reuters

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Várias atrizes falaram nos últimos anos sobre o impacto da perda de cabelo por estresse, no pós-parto ou por causa da covid-19, em um contexto de questionamento das pressões a que as mulheres são submetidas para se encaixarem nos padrões de beleza.

“Lutei contra a perda de cabelo durante toda a minha vida adulta”, publicou no Instagram em 2020 a atriz Ricki Lake. "Tem sido embaraçoso, doloroso, deprimente, solitário. Houve momentos em que cheguei a ter impulsos suicidas", acrescentou, em uma publicação na qual explicou como as gestações, o estresse, tratamentos capilares e alimentação a deixaram sem cabelo.

"Não é algo glamouroso, mas é real. Por que as atrizes nunca falam sobre isso?", questionou a atriz Selma Blair em entrevista de 2011 à revista People, após dar à luz.

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A atriz Selma Blair, que enfrenta a esclerose múltipla Foto: Barbara Akink Via Reuters

A vencedora do Oscar Viola Davis confessou ter lidado com a alopecia durante boa parte de sua vida, e que tentava esconder a doença com perucas. "Eu tinha uma peruca que usava em casa, outra que usava em eventos e outra para treinar. Nunca mostrava meu cabelo natural. Queria, desesperadamente, que as pessoas achassem que eu era bonita", disse em entrevista.

Viola Davis em cena de 'How to Get Away With a Murder' Foto: Reprodução/ABC

Viola, que tem sido mais aberta sobre o assunto na última década, chegou a incluir na série How to Get Away with Murder uma cena em que sua personagem, uma advogada e professora de personalidade forte, tira a peruca, expondo o cabelo curtíssimo.

A atriz Alyssa Milano também já falou sobre a queda de cabelo, mas em decorrência da covid. "É difícil, principalmente quando você é uma atriz e muito da sua identidade está ligada a coisas como ter um cabelo longo e sedoso e uma pele boa", comentou, em entrevista nas redes sociais.

"A alopecia não é uma piada", criticou em comunicado a Fundação Nacional de Alopecia Areata (NAAF). "É uma doença autoimune, que causa perda de cabelo na cabeça, no rosto e, às vezes, em outras áreas do corpo", explicou a NAAF, acrescentando que a condição afeta cerca de 7 milhões de pessoas nos Estados Unidos e 147 milhões em todo o mundo.

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"Pode ter um impacto emocional, psicossocial e mental significativo. Muita gente lida com dor, e o melhor que podemos fazer é apoiá-las e lutar contra o estigma e a discriminação que persistem", comentou Nicole Friedland, presidente da NAAF.

Enquanto Jada Pinkett Smith comentou nas redes sociais a forma como aceita a perda de cabelo, adotando um visual completamente raspado, Chris Rock abordou no passado a relação entre as mulheres negras e seus cabelos, no documentário Good Hair, que coescreveu e narrou. 

Lançado em 2009, no festival de Sundance, Rock disse que sua inspiração foi ouvir uma de suas filhas perguntar por que ela não tinha "um cabelo bom".

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A obra causou polêmica: uma documentarista processou o comediante, alegando plágio. 

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