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Vida de Zequinha de Abreu vira filme

Dirigido pelo ator Carlo Mossy, documentário mistura cenas de ficção com depoimentos de familiares e especialistas

Por Rene Moreira
Atualização:

A vida do autor da música Tico-Tico no Fubá é tema de um documentário que está sendo rodado em Santa Rita do Passa Quatro, cidade paulista onde nasceu o compositor Zequinha de Abreu (1880-1935). Sua canção, apresentada pela primeira vez em 1917, com outro título (Tico Tico no Farelo), num baile da cidade, foi rebatizada em 1931 com o nome atual e e ganhou destaque na voz de Carmem Miranda. Mas a vida de Zequinha não se resume a esta música, apesar da história interessante que marca sua origem, tema igualmente explorado pelo filme.

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Dirigido por Carlos Mossy, o filme deve ser lançado em setembro, mês em que Zequinha estaria completando 134 anos. Tico-Tico no Fubá é considerada uma das canções brasileiras mais conhecidas e reproduzidas em todo o mundo, tendo sido, inclusiove, gravada pela orquestra de Ray Conniff. O filme alterna reconstituição da época – em que atores fazem os personagens principais–, com depoimentos de parentes e outras especialistas na vida e obra do artista.

Além do distrito de Santa Cruz da Estrela, no município de Santa Rita do Passa Quatro, o filme também será rodado no Rio. Quem faz o papel do músico é o ator Leonardo Arena. Ele vai reviver cenas como a criação de Tico-Tico no Fubá, que surgiu no momento em que Zequinha vigiava os passarinhos para que não comessem o fubá feito por sua mulher.

"Vamos exibi-lo em primeira mão no Festival Zequinha de Abreu, que será realizado em Santa Rita do Passa Quatro", conta o diretor Carlos Mossy, nascido em Tel-Aviv, em 1946. Segundo ele, o custo total do longa ainda está sendo levantado, mas os recursos são todos particulares. Ele diz ser muito complicado conseguir verba de leis de incentivo governamentais. "Isso é só para meia dúzia de produtoras, são sempre os mesmos", critica o também ator, roteirista e produtor.

Chanchada. A mulher de Zequinha, Durvalina, é interpretada pela atriz ítalo-brasileira Rossana Ghessa. Com 60 filmes na carreira, alguns com bons diretores – Palácio dos Anjos (1970), de Walter Hugo Khouri, entre eles – ela comemora o papel importante na história, uma vez que está sempre ao lado do protagonista em quase todas as cenas. A veterana atriz, que completou 71 anos, lamenta ter feito apenas dois filmes nos últimos 10 anos, contando com este. E ainda assim o anterior nem foi distribuído, ao contrário da história de Zequinha, que deve ir para a telona.

Ela culpa a atual situação do cinema por essa falta de oportunidade. Muito atuante nos anos 1970, principalmente nas pornochanchadas, ela acredita que essa política de captação de recursos prejudicou a indústria cinematográfica brasileira. "Agora, não fazem nem 80 filmes por ano e comemoram. Na nossa época eram 180 e tudo na base da bilheteria". Para ela, o cenário atual hoje é de muita politicagem e pouca produção.

Mesmo longe da telona, Rossana Ghessa não sumiu de cena e recentemente participou da montagem Mulheres, no Rio de Janeiro, baseada no obra de Nelson Rodrigues. Nascida na Itália e morando no Brasil desde os sete anos, ela também criticou a concorrência dos atores que, em razão da fama nas novelas da TV, acabam muitas vezes preferidos para atuar no cinema e no teatro. "Eles vivem de uma mídia passageira, pois depois as pessoas vão se lembrar apenas dos personagens que interpretaram".

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