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Versão pop de "La Bohème" consagra Baz Luhrmann

Com uma adaptação da ópera de Puccini repleta de referências contemporâneas e elenco jovem, diretor chega à Broadway incensado por público e crítica

Por Agencia Estado
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É a consagração de Baz Luhrmann, a reinvenção da Broadway e provavelmente o início de uma nova era para a ópera nos Estados Unidos. As afirmações fazem parte da repercussão de La Bohème, que estreou em Nova York esta semana, como um dos espetáculos mais concorridos da temporada. Com a adaptação pop da ópera de Puccini, o diretor de Moulin Rouge ? Amor em Vermelho faz uma das mais intrigantes transições de Hollywood. Luhrmann não ganhou o mesmo número de Oscars de James Cameron, mas seu musical foi uma das produções mais faladas dos últimos tempos. O que fazer depois de um trabalho tão celebrado parece ser uma dúvida que toma conta da maioria dos profissionais (Cameron, o auto-proclamado rei do mundo, acabou produzindo, depois de Titanic, um programa de TV que foi cancelado, a série Dark Angel). Seguir uma direção diferente e até improvável mostrou ser uma ótima estratégia para o australiano. O diretor teve de lutar contra vários preconceitos, como o de que ópera não funciona na Broadway ? ainda mais cantada no idioma original. Para manter o espírito original da obra de Puccini, ele também optou por usar cantores de 20 e poucos anos, o que foi mal visto pelos puristas. Agora, com a venda inicial de ingressos ultrapassando US$ 1 milhão e as críticas se rasgando em elogios, o espetáculo torna-se, instantaneamente, a fórmula mágica para o sucesso nos palcos nova-iorquinos. O nome de Luhrmann com certeza é um dos pontos altos de La Bohème. Com o diretor, vem a desenhista de cenários Catherine Martin, sua mulher. Juntos, eles idealizaram a mistura da Paris de 1900 com a Índia dos anos 30 que formou o universo fantástico de Moulin Rouge. Para a ópera, cuja história é ambientada na França dos anos 50, eles também criaram um visual cinematográfico, recheado de visões fotográficas em preto-e-branco, com um toque da boemia noturna do filme. "A Broadway ficou muito turística nos últimos tempos", disse Luhrmann ao jornal norva-iorquino Daily News. "Queria fazer algo acessível, mas um pouco mais elaborado, que possa ser discutido durante o jantar e que consiga atrair pessoas que normalmente não vão à Broadway por achar muito turístico." Ao modernizar a produção, o diretor também tem um público mais jovem em sua mira. Além do elenco que está mais para VJs da MTV do que para o conceito tradicional de cantores líricos, a ópera ganha traduções (projetadas em volta do palco) recheadas de referências mais contemporâneas, enquanto o look do final dos anos 50 também representa um universo mais familiar para o público jovem do que a época original da história, 1830. De acordo com o diretor, vender a idéia de uma La Bohème jovem foi um desafio, mas Luhrman conta hoje com a experiência de ter levado Shakespeare para a geração MTV, com Romeu + Julieta, de 1996, e os musicais de volta para Hollywood, em Moulin Rouge. "A idéia é sempre deixar claro o que você está tentando vender", diz ele. "Desde o início divulgamos o espetáculo como uma ópera, reafirmando que é cantada em italiano." Se a ópera continuar se confirmando como um dos grandes sucessos da temporada, Luhrmann pode levar para os palcos versões de dois de seus filmes, Vem Dançar Comigo e Moulin Rouge. Mas, antes de pensar a volta a trabalhar com o teatro, o australiano deve passar pelo menos dois anos envolvido com outra mega-produção: sua versão de Alexandre, o Grande, estrelada por Leonardo DiCaprio, que deve começar a ser rodada em breve no Marrocos.

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