Valeria Golino subverte clichê da deficiente visual vitimizada

Química entre a atriz e Adriano Giannini, que faz o cafajeste, movimenta a ficção ‘Emma e as Cores da Vida’, de Silvio Soldini

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Atriz e também diretora, Valeria Golino tem dado mostras de sensibilidade e inteligência. É a alma de Emma e as Cores da Vida, o longa de Silvio Soldini, diretor de Pão e Tulipas, que inaugura a nova distribuidora Arteplex. Valeria faz a personagem-título, uma osteopata cega com quem se envolve o personagem de Adriano Giannini. Homem não presta – ele é o exemplo perfeito. Mas não pense que a ceguinha, com todo respeito, vai ser a vítima perfeita para a cafajestice dele.

Emma e as Cores da Vida Foto: Lumiere Company

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Sob múltiplos aspectos, Emma é muito bem-sucedida – na profissão, na cama, com os homens de sua vida. Já Adriano, filho do ator Giancarlo Giannini – dos filmes de Lina Wertmüller –, pode até ser bom como profissional de publicidade, mas com as mulheres e a família deixa muito a desejar. Não admira que o tempo todo nós, o público, estejamos do lado de Emma. Ocorre que Giannini e ela têm química. E é a química deles que movimenta o filme.

Soldini é autor de um elogiado documentário sobre cegos – Per Altri Occhi. Em entrevista ao Estado, disse que o que aprendeu com eles inspirou sua ficção. Cegos, e especialmente cegas, pela vulnerabilidade, prestam-se a vítimas em policiais e relatos de suspense – Audrey Hepburn em Um Clarão nas Trevas, Mia Farrow em Terror Cego, Madeleine Stowe em Blink – Num Piscar de Olhos, etc. Já os homens têm ganho papéis mais complexos – Vittorio Gassman e Al Pacino nas duas versões de Perfume de Mulher, o primeiro, premiado em Cannes, o segundo, com o Oscar. Independentemente de prêmio, Valeria sai-se muito bem. O próprio Soldini acerta – a tela preta, no começo e no fim, é um recurso muito interessante.

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