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'Uma Questão Pessoal', de Paolo Taviani, e 'Sem Data, Sem Assinatura' entre as estreias de cinema

No belo ‘Uma Questão Pessoal’, pode-se ver agora uma metáfora sobre a situação dos irmãos, e de Vittorio, que morreu em abril passado; veja os destaques da programação de cinema e o trailer dos filmes

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Por Redação
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Uma Questão Pessoal, de Paolo Taviani, e Sem Data, Sem Assinatura, um dilema moral de um médico,  estão entre as estreias de cinema da semana. Confira os destaques.

DRAMA​ Paolo Taviani e o amor como entrega e sacrifício

Uma Questão Pessoal / Una Questione Privata (Itália/2017, 84 min.) Dir. Paolo Taviani. Com Luca Marinelli, Lorenzo Richelmy

Em 'Uma Questão Pessoal', aguerra e seus efeitos sutis Foto: Supo Mungam Films

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Em 20 de setembro de 1929 nascia em San Miniato Vittorio Taviani o mais jovem dos irmãos. Vittorio morreu em 15 de abril. Já vinha doente há tempos. Talvez seja por isso que Paolo Taviani assine sozinho a direção de Uma Questão Pessoal, que estreia nesta quinta, depois de integrar a programação da Mostra, no ano passado. O roteiro, de qualquer maneira, é da dupla – uma adaptação do romance de Beppe Fenoglio.

Paolo e Vittorio voltam ao tema da guerra. Narram a história de um triângulo. Milton ama Fúlvia, mas descobre que ela tem uma ligação com Giorgio. Esse último foi preso pelos fascistas, e agora Milton procura um refém para trocar pelo amigo (rival?). Amor, sacrifício. Não é muito difícil ver nesse triângulo que não chega a se desenvolver – tudo fica muito na ótica de Milton – uma tentativa de abordar, metaforicamente, a situação dos irmãos. Acostumados a trabalhar em dupla, dessa vez podem até ter pensado o filme conjuntamente, mas, na hora de passar o roteiro pela câmera – como dizia Alfred Hitchcock –, a tarefa coube a Paolo. Um Taviani, apenas. A direção como exercício solidário.

O filme começa em meio à bruma, um casarão que adquire contornos, cores e a música – Over the Rainbow, em homenagem a O Mágico de Oz – que o impregna de vida. É a casa de Fulvia. Como se filma a guerra, seu efeito sobre as pessoas? Em A Noite de São Lourenço, seu clássico de 1981, os Taviani, em dupla, filtravam a 2.ª Guerra por ecos de outra guerra mítica, a de Troia. O embate de Heitor e Aquiles. Ettore, Ettore! O realismo de Uma Questão Pessoal é quebrado por imagens que parecem surreais.

A garotinha levanta-se em meio aos cadáveres dos integrantes da família para tomar água (e volta). O soldado fascista imagina-se no meio de uma jam session, e toca um air drum que parece não ter nada a ver com a gravidade do momento. O amor, a morte, a guerra e o comprometimento. Quando é que uma questão pessoal vira projeto coletivo, e vice-versa? Paolo, sem Vittorio, ou apenas parcialmente com ele, fez um Taviani dos grandes. / LUIZ CARLOS MERTEN

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DRAMA ‘Sem Data’, o dilema moral de um médico

Sem Data, Sem Assinatura (Irã/2017, 100 min.)Dir. Vahid Jalilvand. Com Navid Mohammadzadeh, Amir Aghaei, Zakieh Behbahani, Alireza Ostadi 

Em Sem Data, Sem Assinatura, temos uma típica situação proposta com frequência pelo cinema daquele país: a reflexão ética. Em particular sobre a questão da responsabilidade. Talvez até mesmo isso, assumir responsabilidades, nos pareça estranho em meio à crise moral em que vivemos. Pois bem, no filme simples e muito bem construído, a responsabilidade está no centro de tudo. O que temos? Um acidente de carro no qual uma criança sai ferida. No volante, temos um médico. Do outro lado, uma família humilde, com todas as suas carências. O médico se oferece para atender a criança, mas o pai recusa. No dia seguinte, a criança aparece morta e o médico consulta os autos da autópsia. A criança estava doente, havia ingerido comida estragada, mas será que o acidente foi a verdadeira causa mortis? Será que o médico deveria ter feito algo que não fez?

Como em outros filmes do tipo, a força vem do roteiro impecável e interpretações precisas. É para fazer pensar. / LUIZ ZANIN ORICCHIO

FANTASIA Eli Roth filtra aventura juvenil pelo terror

O Mistério do Relógio naParede (EUA/2018, 104 min.)Dir. Eli Roth. Com Jack Black, Cate Blanchett, Owen Vaccaro

Famoso autor juvenil dos EUA, John Bellairs morreu em 1991, mas só agora, com O Mistério do Relógio na Parede, o cinema está começando a adaptar sua trilogia sobre o jovem Lewis Barnavelt. O garoto órfão vai morar com o tio, e Jack Black divide a casa com Cate Blanchett. São excêntricos, para dizer-se o mínimo. São bruxos, isso sim, e a casa está sendo ameaçada pelo fantasma de um bruxo maior ainda. Conseguirá o garoto quebrar o feitiço do relógio na parede? O diretor Eli Roth, parceiro de Quentin Tarantino, impregna seu infantil de terror. Tem certo encanto, mas a troca de ofensas entre Black e Cate, de tão idiota, cansa. / L.C.M.

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SUSPENSE ‘Traffik’, ação e luta pela sobrevivência

Traffik – Liberdade Roubada / Traffik (EUA/2018, 89 min.)Dir. Deon Taylor. Com Paula Patton, Omar Epps, Roselyn Sanchez

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Em Traffik – Liberdade Roubada, de Devon Taylor, o casal Brea e John resolvem tirar um fim de semana romântico nas montanhas. Até aí tudo bem. O que eles não esperavam é se deparar com um grupo de motoqueiros violentos e sádicos. Estão isolados, não existe a quem apelar e eles têm de se defender sozinhos. O enredo parece variante de clássicos como Amargo Pesadelo, em que um grupo de pessoas se vê indefesa diante do abuso de outras. A situação é daquelas em que os indivíduos têm de fazer as vezes da justiça. A questão embutida nesse gênero é: o que faz o homem na ausência de Estado para lhe garantir a segurança? 

AÇÃO Mark Wahlberg e Peter Berg, ação garantida?

22 Milhas / Mille 22 (EUA/2018, 94 min.)Dir. Peter Berg. Com Mark Wahlberg, Lauren Cohan, Iko UwaisMark Wahlberg faz agente da CIA que tem de atravessar a cidade. Sua missão é levar um informante da Indonésia em segurança até o aeroporto, distante 22 milhas. Já houve um filme parecido com Bruce Willis – 16 Quadras. No novo 22 Milhas, Wahlberg é dirigido pelo colega ator Peter Berg, com quem já fez O Grande Herói, Horizonte Profundo – Tragédia no Golfo e O Dia do Atentado. Berg, de quem a femme fatale Linda Fiorentino fazia gato e sapato em O Poder da Sedução, de John Dahl, vem se firmando cada vez mais como realizador de ação. E seus filmes terminam sendo sempre mais críticos do que parecem. Como curiosidade, os maiores elogios, aqui, vão para o ator indonésio Iko Uwais. 

COMÉDIA Jean Dujardin, guerra só para os covardes

O Retorno do Herói (França, Bélgica/2018, 90 min.)Dir. Laurent Tirard. Com Jean Dujardin, Mélanie Laurent

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Laurent Tirard dirigiu filmes como O Pequeno Nicolau, As Férias do Pequeno Nicolau e Um Amor à Altura, remake do argentino Coração de Leão. Esse último já era com Jean Dujardin, que interpreta agora O Retorno do Herói. O filme pode muito bem ser o reverso de Uma Questão Pessoal. Em vez da guerra como comprometimento, a irresponsabilidade na guerra. Dujardin não é herói coisa nenhuma. A cunhada, que a princípio o protege por causa da irmã, quer expô-lo como o covarde que é, mas não é fácil. Na França, O Retorno do Herói foi comparado a Cartouche, de Philippe De Brocas, de 1962, com Jean-Paul Belmondo e Claudia Cardinale. Quem dera! / L.C.M.

SUSPENSE ‘Buscando...’ traz pai à procura da filha sumida

Buscando... / Searching(EUA/2018, 102 min.)Dir. Aneesh Chaganty. Com John Cho, Debra Messing, Joseph Lee, Michelle La, Sean O’Bryan

Em Buscando..., de Aneesh Chaganty, um pai, desesperado com o desaparecimento da filha de 16 anos, busca uma pista para encontrá-la. Onde descobrir essa pista? Antigamente, no diário da moça. Agora, ele vai olhar o laptop da garota. Hoje, todo ser humano é uma memória viva e este é o ponto de partida do thriller.

ESPECIAL Noitão ‘Tim Burton se Diverte’

Nesta sexta, dia 21, o Noitão Tim Burton se Diverte traz os filmes mais bizarros do diretor norte-americano, como Os Fantasmas se Divertem (foto), Edward Mãos de Tesoura, Peixe Grande – Outras Histórias, A Noiva-Cadáver. E tem ainda o filme-surpresa. Diversão garantida, e sofisticada.

Caixa Belas Artes. R. da Consolação, 2.423; 2894-5781. 6ª (21), a partir das 23h30. R$ 36 e R$ 1

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