"Uma Mente Brilhante" entra em cartaz

O filme de Ron Howard é um dos indicados ao Oscar. Tem Russell Crowe no papel de um cientista maluco, o matemático John Forbes Nash Jr., que ganhou o Nobel de Economia em 1994

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

No mais belo dos filmes recentes, talvez o maior da carreira, "O Elogio do Amor", o cineasta Jean-Luc Godard recorre à definição de Santo Agostinho: "A medida do amor é que o amor não tem medida." Godard é um poeta do cinema. No oscarizável "Uma Mente Brilhante", o diretor Ron Howard também quer definir o sentimento. O filme dele é sobre um cientista: o matemático John Forbes Nash Jr., vencedor do Prêmio Nobel de Economia, em 1994. A cena constrói-se num diálogo entre Nash, interpretado por Russell Crowe, e a mulher, Alícia, a sublime Jennifer Connelly (só prejudicada pela maquiagem no fim). Ele quer provas do amor que ela diz sentir por ele. A mulher faz, com outras palavras, a mesma comparação de Santo Agostinho na obra-prima que integra a retrospectiva dedicada ao cineasta no CineSesc. Compara o amor ao universo, que não pode ser mensurado. A medida do amor é que o amor não tem medida, realmente. Até pela performance no Globo de Ouro - ganhou quatro, incluindo filme e ator -, ninguém duvidava que "Uma Mente Brilhante" ficaria entre os principais indicados ao Oscar deste ano. O filme estréia, oficialmente, na sexta-feira, em muitas salas. A partir de amanhã, terá pré-estréias em todas as sessões, num circuito menor. Tecnicamente, "Uma Mente Brilhante" estréia amanhã. Você pode correr aos cinemas para ficar em dia com o Oscar. O filme de Howard concorre em oito categorias, incluindo melhor filme, diretor, ator, atriz coadjuvante e roteiro. Pode ser que não seja um bom filme. Ou, melhor, é bom, mas concentra todos os defeitos que costumam ser imputados à produção de Hollywood. "Uma Mente Brilhante" baseia-se numa história real, devidamente romantizada - senão edulcorada - no roteiro de Akiva Goldsman. Howard, que transformou um portentoso fracasso norte-americano na corrida espacial - Apollo 13 -, numa vitória sem precedentes, acredita, como poucos, no direito à segunda chance. É o mais hollywoodiano dos temas, com o retorno ao lar (veja-se "O Mágico de Oz" e "ET, o Extraterrestre"). A luta de Nash representa a vitória humana contra a adversidade. Nash, o cientista maluco do filme, ganha o Nobel, mas a consagração do prêmio, na Academia Sueca, ele a dedica à mulher, artífice da vitória. A verdadeira vitória íntima de Nash vem antes, em casa. Logo no começo, ao chegar a Princeton, o estudante talentoso vê o reconhecimento dos professores da universidade a um dos pares. A cerimônia da entrega da caneta cala fundo no rapaz. Ela voltará no filme. Talvez seja, de toda a arquitetura dramática de "Uma Mente Brilhante", o que mais interesse a Howard. Esse diretor ainda jovem, de 48 anos, iniciou-se como ator, guiado pelos mestres. Foi Eddie, o garotinho de "Papai Precisa Casar", comédia de Vincente Minnelli, em 1962; 14 anos mais tarde, representou o jovem do western maravilhoso e crepuscular - "O Último Pistoleiro", no qual Don Siegel ofereceu a John Wayne um daqueles papéis que só os atores míticos conseguem criar. Três anos antes - "The Shootist" é de 1973 -, Howard foi um dos adolescentes de George Lucas em "Loucuras de Verão", o cultuado American Graffiti. Como ator, Howard fez a transição da Hollywood dos mestres para a da nova geração. Virou ele próprio diretor, enfileirando sucessos. Mesmo assim, dificilmente, alguém imaginaria em o definir como um autor. Nos melhores momentos, é um hábil contador de histórias. A de "Uma Mente Brilhante" é fortíssima. Genial, o cientista do filme também é esquizofrênico. É perseguido por surtos de paranóia. No quadro da guerra fria e do macarthismo, cria um mundo de fantasia no qual se vê como herói norte-americano combatendo o comunismo. "Uma Mente Brilhante" trafega entre a realidade e a fantasia. Só que, nesse filme, o sonho, com freqüência, vira pesadelo. A história é só sugerida por eventos da vida de Nash. A realidade, como sempre, é muito mais complexa. Alícia casou-se de novo, mas o ex-marido, até hoje, mora na casa dela. Que filme isso daria, hein? Melhor do que "Uma Mente Brilhante", com certeza. Mas a viagem de Howard pela mente enferma de Nash possui cenas impressionantes. Impressiona ainda mais graças ao trabalho dos atores. Havia críticos chorando no fim da sessão de "Uma Mente Brilhante" para a imprensa. É um filme no qual, com o ingresso, o espectador deveria ter direito a um lenço. Serviço - "Uma Mente Brilhante" ("A Beautiful Mind"). Drama. Direção de Ron Howard. EUA/2001. Anália Franco UCI 3, amanhã (13) e quinta-feira (14), às 14 horas, 16h50 e 19h40. Center Iguatemi 2 amanhã e quinta-feira, às 21h15. Central Plaza Cinemark 8, amanhã e quinta-feira, às 19h10 e 22 horas. Interlagos Cinemark 3, amanhã e quinta-feira, às 22h10. Interlar Aricanduva Cinemark 11, amanhã e quinta-feira, às 21h20. Ipiranga 2, amanhã e quinta-feira, às 21 horas, amanhã e quinta-feira, às 13h30, 16 horas, 18h30 e 21 horas. Jardim Sul UCI 3, amanhã e quinta-feira às 14 horas, 16h50, 19h40 e 22h30. Market Place Cinemark 7, amanhã e quinta-feira, às 20h10. Metrô Santa Cruz Cinemark 7 , amanhã e quinta-feira, às 18h50 e 21h50. Metrô Tatuapé Cinemark 2, amanhã e quinta-feira, às 17h20 e 20h20. Morumbi 3, amanhã e quinta-feira, às 13 horas, 15h45, 18h30 e 21h15. Continental 1, amanhã e quinta-feira, às 21h30. Pátio Higienópolis Cinemark 1, amanhã e quinta-feira, às 22 horas. Plaza Sul 3, Raposo Shopping 7, amanhã e quinta-feira, às 21h20. Shopping D Cinemark 3, amanhã e quinta-feira, às 18h40 e 21h30. SP Market Cinemark 11, amanhã e quinta-feira, às 17h55 e 20h45. Villa-Lobos Cinemark 6, amanhã e quinta-feira, às 18h40 e 21h40. 12 anos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.