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Um filme de guerra, dois diretores e duas perspectivas

Por ELAINE LIES
Atualização:

Um filme sobre um capitão japonês na 2a Guerra Mundial incentivando suas tropas a resistir contra a força avassaladora dos EUA após o fim da Batalha de Saipan soa como uma história típica de sangue e um final glorioso. Mas "Oba: The Last Samurai", que chegará aos cinemas do Japão na sexta-feira, está longe de ser um filme de guerra como outros. Foi rodado por duas equipes distintas de atores e diretores -- uma equipe japonesa e outra norte-americana trabalhando lado a lado -, um estilo que não havia sido usado dessa maneira desde "Tora, Tora, Tora", em 1970. E há mais: as duas equipes raramente trocavam ideias sobre como cada uma estava fazendo o filme, e, quando juntaram tudo, descobriram que o estilo japonês diferiu completamente do norte-americano. "Não houve consulta alguma sobre como queríamos que o filme fosse rodado ou o tipo de cortes a fazer", contou Hideyuki Hirayama, que recebeu o Prêmio da Academia do Japão de melhor diretor em 1999 por "Begging for Love" e dirigiu a unidade japonesa, enquanto Cellin Gluck dirigiu a equipe dos EUA. Diretor de Los Angeles que foi também um dos roteiristas, Gluck disse que o estilo de filmagem pode ter intensificado a dramaticidade do filme pronto, porque trabalhar sem saber o que a outra unidade estava fazendo foi comparável ao que uma situação de guerra real teria sido. "Com a exceção das cenas em que ele (Oba) estava no campo japonês ou em que os japoneses estavam em nosso campo, foi totalmente separado, e funcionou melhor assim", disse Gluck, cujos créditos anteriores incluem o remake japonês de "Sideways". O filme, cujo título em japonês em "Taiheijo no Kiseki" (Milagre do Pacífico), é baseado na história verídica de Sakae Oba, que se entrincheirou nas montanhas de Saipan após a batalha sangrenta, na qual morreram 43 mil soldados japoneses, contra apenas 5.000 americanos mortos nos combates pesados na ilha do Pacífico e na vizinha Tinian. Oba acabou se entregando com um punhado de homens em dezembro de 1945, meses depois de o Japão ter deposto suas armas. Hirayama e Gluck disseram que a filmagem da história de Oba, baseada em um livro de um marine norte-americano que combateu o capitão japonês, foi uma "experiência de aprendizado" que por momentos pareceu cômica. O trabalhou envolveu ocasionais dificuldades linguísticas, complicadas mais ainda pelas filmagens na Tailândia, com o uso de muitos figurantes tailandeses. Outros desafios disseram respeito ao estilo de trabalho. Elementos básicos, como o enquadramento das tomadas e a movimentação das câmeras, diferiam entre a equipe japonesa e a norte-americana. Os atores dos EUA ensaiavam as cenas várias vezes antes de filmar; a unidade norte-americana filmava cedo, enquanto os atores ainda estavam desenvolvendo a cena. "Oba: The Last Samurai" tem lançamento previsto também no Reino Unido, Irlanda e países de língua alemã.

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