Que Burlesque, que nada. Por mais divertidas que sejam, eventualmente, Christina Aguillera e Cher, o verdadeiro burlesco desembarca hoje na cidade com o filme francês Turnê. Dirigido e interpretado por Mathieu Amalric - o vilão de Quantum of Solace -, recebeu prêmios importantes no Festival de Cannes do ano passado - melhor mise-en-scène (direção), para o júri oficial presidido por Tim Burton, e melhor filme segundo a Fipresci, Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica.Diante de Turnê, o espectador, principalmente se for cinéfilo de carteirinha, terá a sensação de assistir a um filme de John Cassavetes invadido por mulheres saídas de uma daqueles extravagância típicas de Federico Fellini. Embora não negue sua admiração nem por Cassavetes nem por Fellini, Amalric conta que a origem de Turnê está num texto de sua compatriota, a escritora francesa Colette."Colette era atriz e, por volta dos 30 anos, participou de shows", ele relatou na coletiva de seu filme, em maio passado. "Suas interpretações foram consideradas muito escandalosas, na época. Eram pantomimas, mas o que causava sensação é que ela se apresentava com pouca roupa. Ela registrou tudo isso num texto chamado L’Envers du Music Hall, O Reverso do Music Hall, que sempre me fascinou. Eu procurava um equivalente contemporâneo da sua liberdade de estilo, e escrita. Não encontrava. Até que num dia topei com uma reportagem sobre o movimento do American New Burlesque. Nem sabia que existia, mas a conexão com o que Colette escrevera foi imediata na minha cabeça. Também sempre fui atraído pela figura do produtor cultural, seja de cinema, teatro ou shows. Consegui me transportar para o papel do produtor e foi assim que tudo começou."