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Turbulência no mercado, cinzas e tempestades atrapalham Cannes

Por MIKE COLLETT-WHITE
Atualização:

O Festival de Cannes traz este ano, como sempre, sua habitual mistura de cineastas obscuros e realeza de Hollywood, e, apesar de todo o glamour e diversão, a turbulência dos mercados financeiros vai tirar um pouco do brilho da principal festa do cinema mundial. Depois de uma operação de limpeza de última hora, graças às tempestades da semana passada na Riviera Francesa, os organizadores agora precisam lidar com as interrupções dos voos de outras partes da Europa, que mais uma vez foram atingidas pela nuvem de cinzas vulcânicas vindas da Islândia. A abertura do festival será na quarta-feira, com a estréia de "Robin Hood", estrelado por Russel Crowe e Cate Blanchette. Será uma típica estréia grandiosa para um evento que também promove filmes corajosos vindos de todas as partes do mundo e produzidos com orçamentos diminutos. Pelos próximos 11 dias, famosos e não tão famosos assim, atravessarão e ficarão de olho no tapete vermelho, testarão sua resistência, indo de festa em festa, se espremendo em salas de cinema escuras e vasculhando o enorme mercado do cinema em busca de bons negócios. Enquanto os chefes de estúdio presentes no luxuoso balneário possam estar refletindo sobre o estado da economia mundial e no que isso significa para o financiamento de filmes, alguns dos maiores nomes da indústria cinematográfica veem Cannes peça vital na engrenagem da máquina de marketing. "Cannes é bom para o filme", disse o diretor Oliver Stone, que trouxe a continuação do seu drama financeiro de 1987 "Wall Street" para o festival. "É uma grande oportunidade, porque teríamos estreado e seríamos apenas mais um filme nesse mundo maluco da comunidade do cinema", disse ele à Reuters. "É bom ter essa honra e essa plataforma de divulgação." "Wall Street: O dinheiro nunca dorme", traz Michael Douglas revivendo seu papel como o implacável especulador acionário, Gordon Gekko. O filme estará entre os principais temas no festival de 2010, com o foco na corrupção e ganância dos maiores bancos do mundo. Mas, assim como "Robin Wood", de Ridley Scott, e o mais recente filme de Woody Allen, "You Will Meet a Tall Dark Stranger", a produção não é um dos 18 filmes da competição, concorrendo a prêmios, dados pelo júri que tem o diretor Tim Burton como presidente. Entre os títulos mais esperados, estão o único concorrente dos EUA, "Fair Game", baseado na história real da agente da CIA Valerie Plame, e estrelado por Sean Penn, e "Burnt by the Sun 2" a continuação do aclamado filme de 1994, de Nikita Mikhalkov, sobre o terror da repressão stailinista. As principais agências de noticias, inclusive a Reuters, levantaram uma ameaça de boicote ao evento por causa de uma disputa de direitos de transmissão, depois de terem chegado a um acordo com a direção do festival.

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