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"Titan" repete fórmulas para diversão infantil

Por Agencia Estado
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Apoiado na tecnologia de ponta, estréia nesta sexta-feira a mais nova animação dos estúdios Fox, o mesmo de Anastácia. Titan (Titan AE) utilizou os mais rápidos e melhores computadores para gerar boa parte de suas imagens. Mas será que isso basta para o filme ser considerado inovador e ainda ser uma boa diversão? No ano de 3028, o planeta Terra é destruído num ataque de alienígenas conhecidos como Drej. Antes da explosão final, muitos humanos fogem em suas naves e se salvam. Neste momento, Cale (dublado por Matt Damon) é separado do pai, um cientista que inventa uma nave capaz de recriar a Terra em outra parte do universo. Quinze anos mais tarde, Cale descobre que é o único que tem o mapa para encontrar a nave e devolver a Terra aos humanos. Para dar um visual futurista à animação, os diretores Don Bluth e Gary Goldman optaram pelo uso de muitas imagens em três dimensões. Assim, todos os cenários, objetos e alguns aliens - como os Drej - foram criados em máquinas. Mas para não perder o caráter humano, outros personagens - inclusive os humanos - foram desenhados de maneira tradicional, com duas dimensões e quadro a quadro. O efeito desejado é atingido: realmente, as imagens são boas e a união entre animação 3-D e 2-D é perfeita. O problema não está na técnica, que já havia sido utilizada, deste lado de Greenwich, em menor escala, em outras animações - como no próprio Anastácia. Do outro lado do meridiano encontramos tudo isso na animação japosesa. Em Akira, de Katsuhiro Otomo, por exemplo, realizado há doze anos, é possível ver uma perfeita união entre 3-D e 2-D e uma visão de futuro muito mais perturbadora sem que a Terra seja destruída. O grande defeito de Titan é ficar preso aos paradigmas das produções Disney. Afinal, de que serve um novo estúdio de animação, fundado pela Fox para criar um pouco de concorrência, se ele repete tudo o que o primeiro faz de uma forma até melhor? Está tudo lá. Um héroi bonitinho e bonzinho - aliás todos os humanos são bonitinhos e, portanto, bonzinhos. Os alienígenas com boa aparência também são bons, e os feios, malvados. Os únicos que não falam inglês são os inimigos Drej. O mocinho e a mocinha se apaixonam no primeiro olhar, mas não trocam um beijo sequer até o fim da projeção. Até o momento musical não foi esquecido, ainda que disfarçado, já que os personagens não cantam. Não há animais falantes, mas os aliens, que se parecem com tartaruga, canguru ou caramujo, cumprem a função. Até as vozes são de atores conhecidos, como Matt Damon, Drew Barrymore e Bill Pulman. A única diferença é a grife. Então, onde está a inovação? Na técnica, que já é, há pelo menos doze anos, dominada pelo Oriente, com certeza não está. No roteiro, que segue a cartilha do inimigo, muito menos. Conclusão: a inovação passou longe. E justamente por não inovar um milímetro o filme é uma opção para as crianças neste mês de férias. Os pais podem ter certeza de que os filhos vão se divertir. Se o espectador espera por animações realmente inovadoras, deve procurá-las do outro lado do mundo. Mas se estiver satisfeito com o que já viu por aqui, Titan é uma boa escolha. E, de repente, pode nem perceber que já assistiu a este filme antes.

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