Terrorismo não enfraquece 25 anos da Mostra de São Paulo

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Por Agencia Estado
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Nos últimos dias de preparação para a 25ª. Mostra BR de Cinema, que começa no dia 19, o organizador Leon Cakoff recebeu uma notícia que o entristeceu, mas, ao mesmo tempo, o comoveu: na quarta-feira, ele conversou por telefone com o cineasta iraniano Mohsen Makhmalbaf, que estava em Paris e que lamentava não poder vir mais a São Paulo para o evento. "Ele se desculpou, mas sua missão era voltar para a fronteira do Afeganistão, onde já estão sua mulher e seus dois filhos filmando, o que será, provavelmente, um documentário épico", comentou Cakoff, agradecendo por não ter enfrentado nenhum outro problema motivado pela reação em cadeia gerada pelos ataques terroristas a Nova York. "Os demais, porém, confirmaram presença e não enfrentaremos um esvaziamento." Se Makhmalbaf não vem ao Brasil, ao menos seu mais recente filme O Caminho Para Kandahar, filmado justamente no Afeganistão, estará presente na mostra que, a partir deste ano e nos dois próximos, vai acrescentar a marca da BR Distribuidora em seu nome oficial, fruto de um contrato que garante neste ano a providencial verba de R$ 1,6 milhão. Apesar de figurar como uma das principais atividades culturais da cidade, a mostra internacional chega a uma edição histórica ainda enfrentando dificuldades que tornam tortuosa sua organização. "Mas até isso já se tornou tradicional", brinca Cakoff, satisfeito também por conseguir novamente agrupar cerca de 150 filmes que estão entre os melhores da atual cinematografia mundial. Assim, além da obra de Makhmalbaf, estarão presentes novos candidatos à cult como Italiano para Principiantes, da dinamarquesa Lone Scherrfig, vencedor do Urso de Prata em Berlim e o primeiro filme do Dogma 95 dirigido por uma mulher; Terra de Ninguém, de Danis Tanovic, ambientado na guerra da Bósnia; Histórias Proibidas, o mais recente Todd Solondz (de Felicidade); Atanarjuat - O Corredor Mais Veloz do Mundo, do canadense Zacharias Kunuk, vencedor da Câmera D´Or no Festival de Cannes e todo falado na língua esquimó; O Voto é Secreto, do iraniano Babak Payami, premiado como melhor diretor no Festival de Veneza. Outra marca da mostra é trazer as obras recentes de nomes consagrados. Assim, estarão presentes Michael Haneke (A Professora de Piano), Francis Ford Coppola (Apocalipse Now Redux), Abbas Kiarostami (ABC África), Manoel de Oliveira (Vou Para Casa e Porto da Minha Infância), Nanni Moretti (O Quarto do Filho, Palma de Ouro em Cannes), Shohei Imamura (Água Quente Sob uma Ponte Vermelha), Atom Egoyam (O Fio da Inocência), Jacques Rivetti (Va Savoir), Catherine Breillat (A Ma Souer), Wan Xiaoshuai (Bicicleta de Pequim). Como neste ano a mostra comemora 25 anos, a abertura será uma festa para a população. Além de uma retrospectiva com seus principais filmes, o cineasta Emir Kusturica vem a São Paulo para se apresentar com sua banda, Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra. O primeiro show, dia 17, será para convidados e o segundo, no dia seguinte, será gratuito para o público, que poderá retirar os ingressos no DirecTV Music Hall, local dos espetáculos. Nos próximos dias, serão divulgadas as datas e os horários para retirada de bilhetes. O DirecTV, além de ser um co-patrocinador da mostra, financiou também a reforma e ampliação do cine Vitrine, que reabre justamente para a mostra e agora com três salas, passando a se chamar Cineclube DirecTV. As outras salas de exibição são Frei Caneca Unibanco Arteplex (duas salas), Sala Uol de Cinema, Cinearte, Cinesesc, Sala Cinemateca, Espaço Unibanco de Cinema e Cinemark Market Place. Pela primeira vez, em 25 anos de mostra, o Masp não estará presente. Segundo Cakoff, o motivo foi um acerto de contas referente à reforma de projetores que não foi feito pelos representantes do museu, no ano passado. "É lamentável, pois a mostra nasceu justamente a partir de um pedido do então diretor do Masp, Pietro Maria Bardi", diz o organizador. Além de Kusturica, deverão vir a São Paulo o ator francês Jean-Pierre Léaud, os diretores Peter Del Monte, Aktan Abdykalykov, Danis Tanovic, Jan Cvitkovic, Khaled Ghorbal, Eric Velthius, Shinichi Nakada, Thomas Stiller, Lauren Himmel, Andrew Currie, Rouben Kochar, Paolo Sorrentino, Roger Deutsch, Verónica Chen e Ibon Comenzana. O juri será formado pelo cineasta argentino Fernando Solanas, o músico chileno Jorge Arriagada, o ator e diretor polonês Jerzy Stuhr e a brasileira Daniela Thomas. Os ingressos e credenciais (que custarão R$ 60 e R$ 210) estarão à venda a partir de quinta-feira, no Conjunto Nacional (Avenida Paulista, 2.073), de 10 h às 21 h. Os bilhetes também poderão ser comprados pela Internet (www.ingresso.com.br).

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