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"Terra em Transe" brilha entre clássicos em Berlim

Filme restaurado de Glauber Rocha, que ainda não foi visto por aqui, foi exibido em mostra de clássicos na Berlinale

Por Agencia Estado
Atualização:

Walter Salles e Mike Figgis participaram de uma discussão sobre a música no cinema e Paloma Rocha e o crítico José Carlos Avellar tiveram outro bate-papo, após a exibição da cópia restaurada de Terra em Transe, de Glauber Rocha, que foi uma das atrações no Fórum do Festival Internacional de Cinema de Berlim. A filha de Glauber agradeceu à Petrobras, que patrocinou a restauração, e disse que o clássico revolucionário de seu pai tinha de renascer internacionalmente em Berlim porque foi daqui que saiu a matriz que permitiu a reconstrução do filme ameaçado. A matriz oficial de Terra em Transe queimou num arquivo de filmes na França. Sobrou só essa para a restauração. O processo foi difícil - o Brasil ainda não tem muita experiência em restaurações digitalizadas -, mas valeu a pena. Você poderá confirmá-lo em breve. O DVD duplo de Terra em Transe, com o brinde de uma longa entrevista do diretor, chega às locadoras e lojas especializadas em agosto. Antes disso, em abril, o Grupo Novo de Cinema, associado ao restauro, lança Terra em Transe nos cinemas. Grandes filmes do passado brilharam nesta Berlinale, não só o de Glauber. Foi possível rever Vagas Estrelas da Ursa, de Luchino Visconti, obra de gênio, e também vários clássicos de Stanley Kubrick, exibidos numa programação especial sobre a evolução da direção de arte no cinema. The Twenty-Four Eyes, de Keitsuke Kinoshita, com a jovem Hideko Takamine - que foi uma grande estrela japonesa nos anos 1950 e 60 -, ressurgiu na homenagem aos 110 anos da empresa Shochiku. E ressurgiram também em versões restauradas, O Portal do Paraíso, de Michael Cimino, e O Encouraçado Potemkin, de Sergei M. Eisenstein. Walter Salles e Mike Figgis estiveram de acordo - em questão de música no cinema, o mínimo é mais. O debate foi entremeado com clipes de Central do Brasil e Terra Estrangeira, de Salles, e Despedida em Las Vegas, de Figgis. Inicialmente, Salles deveria discutir a criação musical com o compositor de seus filmes, Antônio Pinto, mas ele não pôde vir e foi substituído por Figgis, que compõe a própria música de seus filmes. Trompetista, Figgis falou de sua imensa admiração por Miles Davis e pela trilha improvisada de Ascensor para o Cadafalso, de Louis Malle, no alvorecer da nouvelle vague. Foi uma linda conversa, acompanhada por estudantes de cinema de todo o mundo.

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