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'Synomymes' e 'Entre Facas e Segredos' estão entre as estreias comentadas pelo 'Estado'

Veja o trailer a opinião do crítico de cinema do Caderno 2 sobre os filmes que chegam às telonas esta semana

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:
Em temporada de premiações, 'Entre Facas e Segredos' chega às salas com o aval das indicações de Daniel Craig e Ana de Armas para o Globo de Ouro Foto: Paris Filmes

Mais nove estreias, entre elas o grande vitorioso do Festival de Berlim, deste ano, em fevereiro. Synomymes, do israelense Navad Lapid, celebra um cinema do corpo, contando a história de um ex-soldado que foge de Israel para salvar a alma. Veja para saber por quê, e impressione-se com a movimentação do ator Tom Mercier e da mise-en-scène. Em temporada de premiações, Entre Facas e Segredos chega às salas com o aval das indicações de Daniel Craig e Ana de Armas para o Globo de Ouro. E tem um grande filme brasileiro - A Rosa Azul de Novalis, de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro, com cenas de (homos)sexo ousadas e provocativas. Nada que seja gratuito, e o filme levanta questões estéticas e até filosóficas das mais intensas. Não por acaso, recebeu o prêmio especial do júri de cinema da APCA, a Associação Paulista dos Críticos de Arte.

Barrabás

Direção de Evgeniy Emelin, com Pavel Krainov, Regina Khakimova, Zalim Miroev, Elena Podkaminskaya.

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A vida e a Paixão de Cristo vistas numa produção russa, pelo ângulo do criminoso que foi preferido pelo povo. Conta a tradição bíblica que Pôncio Pilatos, valendo-se de uma tradição da Páscoa judaica, permitiu que a multidão escolhesse entre um criminoso comum, Barrabás, e o Nazareno. Jesus foi crucificado e Barrabás, no deslumbrante épico de Richard Fleischer, de 1961, iniciava uma jornada que o levava à conscientização - e à elevação espiritual. O Barrabás de Fleischer era um grande filme que terminou um tanto eclipsado por épicos religiosos mais populares, mas não melhores, que Hollywood produzia na época. Pavel Krainov é quem faz o papel. Pode até ser muito bom, mas vai ser difícil superar Anthony Quinn.

Brincando com Fogo

Direção de Andy Fickman, com John Cena, Brianna Hildebrand, Judy Greer, Keegan-Michael Key.

Bombeiros salvam três crianças num incêndio e, ao não encontrar os pais do trio, têm de assumir a função de... babás! Começa como disaster movie e termina como comédia familiar - romântica?

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Crime sem Saída

Direção de Brian Kirk, com Chadwick Boseman, Taylor Kitsch, Sienna Miller, Stephan James.

Chadwick Boseman despe o uniforme do Pantera Negra e assume o distintivo de detetive da polícia de Nova York. Após pisar na bola, ele tem a chance de se redimir caçando assassino de policiais. O problema, e põe problema nisso, é que ele descobre uma conspiração, envolvendo integrantes da própria polícia no que parecem queimas de arquivo. O bom elenco ajuda.

Entre Facas e Segredos

Direção de Rian Johnson, com Chris Evans, Ana de Armas, Daniel Craig, Katherine Langford, Christopher Plummer.

Por menos original que seja a trama, o filme ganhou elogios unânimes e cravou indicações para o Globo de Ouro, incluindo para Ana de Armas e Daniel Craig. O 007 dá um tempo na espionagem e investiga assassinato de famoso escritor de livros policiais. A família toda parece estar implicada, e o crime foi concebido como uma das tramas do falecido. O diretor Johnson, vale lembrar, é o mesmo de Star Wars Episódio VII - Os ÚLtimos Jedi.

Finalmente Livres

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Direção de Pierre Salvadori, com Adèle Haenel, Pio Marmaï, Audrey Tautou, Vincent Elbaz.

Salvadori tem a seu crédito comédias ótimas - Amar não Tem Preço, Uma Doce Mentira, Em Um Pátio de Paris, etc - e aqui conta uma história que promete. Adèle faz policial que descobre que o ex-marido inspetor não era o homem correto que ela pensava. Procurando reparar seus erros, ela se envolve com Pio Marmaï, de Beijei Uma Garota, no papel nde um ex-presidiário injustamente condenado. Para descobrir o que Audrey Tautou, a Amélie Poulain, faz nessa história você terá de ver o filme.

A Gata Cinderela

Direção de Alessandro Rak, Ivan Cappiello, Marino Guarnieri e Dario Sansone, com as vozes de Massimiliano Galli, Maria Pia Calzone, Alessandro Gassman, Renato Carpentieri.

Animação italiana que retoma a história de Cinderela num viés moderno, e crítico. A trama envolve corrupção no porto de Nápoles e a heroína tem um meio-irmão gay. Conseguirá o príncipe resgatar a legalidade portuária? E onde entra nisso a Gata Borralheira? A madrasta manda no porto, é isso.

Uma Mulher Alta

Direção de Kantemir Balagov, com Viktoria Miroshnchenko, Vasilisa Perelygina, Igor Shirokov, Konstantin Balakirev.

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Vencedor do prêmio de direção na mostra Un Certain Regard, no Festival de Cannes deste ano - a mesma em que a Vida Invisível, de Kareim Aïnouz, venceu como melhor filme -, o longa russo reconstitui o cerco de Leningrado, durante a 2.ª Grande Guerra, do ângulo de duas jovens mulheres. Conseguirão sobreviver ao horror? Muitos elogios.

A Rosa Azul de Novalis

Direção de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro.

Documentário nas bordas da ficção, ficção documental? O codiretor Vinagre fez antes Lembro Mais dos Corvos, com a trans Julia Katharine, que já era muito bom e agora, em dupla, aprofunda questões viscerais de identidade e gênero. Um dândi soropositivo. Marcelo consegue se lembrar de suas vidas passadas, e tem certeza de que em outra encarnação foi o poeta romântico alemão Novalis, criador do mito ou conceito da rosa azul. O filme passou em Berlim, em fevereiro, e no Mix Brasil. Talvez seja o melhor filme brasileiro - no ano de Bacurau! -, mas tem cenas que talvez sejam muito fortes para um público conservador. Sexo oral, anal. Não se impressione, trata-se de uma reflexão das mais belas e profundas sobre arte e vida, no cinema brasileiro e mundial em 2019.

Synonymes

Direção de Nadav Lapid, com Tom Mercier,Quentin Dolmaire, Louise Chevillotte.

Vencedor do Urso de Ouro em Berlim, em fevereiro, o longa autobiográfico do israelense Lapid conta a história de um ex-soldado que foge de Israel - e da violência e do machismo do Exército - “para salvar sua alma”, como disse o diretor em entrevista ao Estado. Aconteceu com ele (Lapid) e, em Paris, o cineasta tentou radicalizar o rompimento, desvencilhando-se de sua língua de origem (e aprendendo francês). É aí que entra o dicionário do qual se torna inseparável, e que fornece o título, Sinônimos. Cenas de sexo, nudez, mas, de novo, não se deixe impressionar. Tudo isso é necessário, e a questão central é, de novo, a identidade.

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