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Sucesso do cinema brasileiro é unanimidade

Repetir a performance em 2004 é o tema que divide os profissionais do setor reunidos no Rio, entre eles o diretor da Riofilmes José Wilker e o secretário Ricardo Macieira

Por Agencia Estado
Atualização:

O sucesso do cinema brasileiro em 2003 é unanimidade, mas repetir o bom desempenho em 2004 é uma questão que divide profissionais do setor. Esta foi a tônica da entrevista que os produtores Lucy Barreto e Leonardo Monteiro de Barros, o diretor da Riofilmes José Wilker, o secretário municipal das Culturas Ricardo Macieira, e o diretor da revista Filme B Paulo Sérgio de Almeida deram hoje na Associação Comercial do Rio de Janeiro. "Tudo vai depender de quantos filmes chegarão às telas", avisou Almeida, exibindo os números deste ano. Segundo ele, em 2003, foram vendidos 100 milhões de ingressos, sendo 20 milhões para filmes nacionais (Carandiru, Lisbela e o Prisioneiro e Os Normais levaram metade do público), com um faturamento bruto de R$ 127 milhões. É um crescimento de quase 100% com relação a 1997, ano de menor público, 52 milhões de ingressos. "Essa é uma herança de investimentos dos últimos oito anos, com as leis de incentivo. Temos de administrá-la, podemos fazer esses números crescer ou dilapidar essa herança", disse Leonardo Monteiro de Barros. "Este ano, houve um hiato e é preciso investir mais para evitar que esses resultados se percam." Lucy Barreto lembrou que, se até aqui os investimentos estatais predominaram, as empresas privadas começam a descobrir o filme nacional. "Virou um bom negócio e eu posso dar um exemplo. O filme ´O Casamento de Romeu e Julieta", a ser rodado e exibido em 2004, captou os R$ 8 milhões de seu orçamento, só na iniciativa privada", contou. "No ano que vem, além desse filme, produziremos outros dois longas." Wilker, representando a Riofilmes, a principal distribuidora do cinema nacional nos primeiros anos do que está sendo chamado de sua retomada, preferiu falar em mudança de filosofia a citar cifras. "O que diferencia a atividade hoje da que existia antes, quando vivíamos de surtos de bons resultados, é que houve uma profissionalização. Antes, a gente fazia o filme sem saber direito o que aconteceria com ele. Hoje, produzimos para um público certo, com embasamento de pesquisas de mercado e preocupação em chegar ao público", ressaltou ele. "Essa atitude influenciou também as distribuidoras estrangeiras, que passaram a investir no filme brasileiro, incentivadas com as leis federais para o setor." Mesmo assim, todos reconhecem que é preciso criar mais salas, buscar as novas mídias (especialmente o DVD, mercado que cresceu nos últimos anos no País) e principalmente investir em novos títulos. Neste item, mesmo com a parada dos investimentos nos primeiros meses, por causa da mudança de governo, as perspectivas são boas. Leonardo Monteiro lembrou que, em 2004, sua empresa, a Conspiração Filmes, lança O Redentor, de Cláudio Torres, e roda mais dois longas-metragens, além de uma série em parceria com a rede americana HBO, com oito episódios de 50 minutos cada um. E a Riofilmes, que ainda não definiu sua carteira de incentivos para o ano que vem, garante que pelo menos a verba de 2003, R$ 22 milhões, será mantida.

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