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Strindberg foi o dramaturgo do amor e da paixão

Por Agencia Estado
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Se você é cinéfilo, tem de concordar. Senhorita Júlia, a personagem criada pelo dramaturgo sueco Johan August Strindberg em sua peça mais famosa, faz parte das emoções memoráveis que um espectador carrega pela vida. Júlia foi interpretada por Anita Bjork na versão realizada por Alf Sjoberg em 1951. Mais recentemente, após o inovador e intrigante Time Code, Mike Figgis também fez a sua versão de Senhorita Júlia, mas o filme não estreou nos cinemas brasileiros. Strindberg escreveu Senhorita Júlia em 1888. Não é um autor simples: Ingmar Bergman o adora e sempre reconheceu Strindberg como uma referência importante na sua maneira de ver as pessoas (e o mundo). A peça trata de dois temas cruzados ou dois eixos superpostos, como preferem dizer os críticos: a luta de classes e o conflito entre macho e fêmea. Júlia, a senhorita do título, é aristocrata e produto de uma família desajustada. Envolve-se, na noite de São João, com o mordomo ambicioso e sem escrúpulos. João, na peça, é Jean e o texto é um desafio para qualquer encenador pela profundidade do tratamento conferido pelo dramaturgo a seus personagens. Júlia e Jean são ao mesmo tempo arquétipos de suas classes sociais e seres humanos contraditórios e reais. Exigem atores de grande força e presença. Sjoberg foi precursor de Bergman, a quem deu a primeira chance no cinema, fazendo dele seu roteirista em Tortura de um Desejo, de 1944. Senhorita Júlia é particularmente famoso por uma inovação: o diretor elimina os flash-backs convencionais fazendo com que passado e presente coexistam nas mesmas imagens.

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