Spike Lee mostra sangue e esperança em filme sobre 2.ª Guerra

Longa se passa na Itália e traz amizade entre soldados, as tensões entre eles e o racismo que enfrentavam

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Por Janet Guttsman e da Reuters
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O diretor Spike Lee focou o passado quando fez um filme ambientado na Toscana sobre o frequentemente esquecido papel dos soldados negros americanos na Segunda Guerra Mundial. Mas as transformações vividas pelos Estados Unidos desde aquela época fazem o filme ser relevante também para o presente, disse Lee, que ostentava orgulhosamente a imagem de Barack Obama em sua camiseta ao apresentar Miracle at St. Anna para o Festival Internacional de Cinema de Toronto esta semana. Rodado principalmente na Itália, com financiamento em parte italiano, o filme conta a história de quatro integrantes da 92.ª Divisão Buffalo, formada inteiramente por soldados negros, que são deixados atrás das linhas inimigas durante o avanço do Exército americano na península italiana. Por vezes violento, comovente ou puramente meloso, o filme ressalta a camaradagem entre os quatro soldados, as tensões entre eles e o racismo intenso que enfrentavam em seu país e por parte de seus comandantes brancos. Spike Lee já tratou a questão do racismo em vários filmes, desde Faça a Coisa Certa até O Plano Perfeito e When the Levees Broke, mas afirma que os EUA já deixaram para trás o racismo do tipo mostrado em seu filme mais recente, onde os soldados heróis são obrigados a procurar a entrada dos fundos de um bar do Louisiana, enquanto prisioneiros de guerra nazistas tomam sorvete no interior do estabelecimento. "Houve uma mudança sísmica neste país", disse Lee à Reuters, observando que, mesmo poucos anos atrás, Barack Obama não teria conseguido ser candidato presidencial do Partido Democrata. "Meu objetivo é mudar o mundo para melhor e entreter ao mesmo tempo." Miracle at St Anna é seu primeiro filme rodado fora dos EUA e o primeiro a ser falado em três línguas, com atores dos EUA, Itália e Alemanha. Fugindo dos alemães depois de uma batalha sangrenta, os soldados americanos topam com um menino italiano (o ator mirim novato Matteo Sciabordi), e o passado dele vira símbolo da crueldade insensata da guerra. "É um filme neo-realista afro-americano-italiano", disse Lee.

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