SP já vê os curtas do Festival Rio BR

Quase todos os curtas que concorrem ao festival carioca estão sendo exibidos no atual festival de SP

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Por Agencia Estado
Atualização:

Pode ser que os holofotes brilhem mais para os longas de ficção e os documentários que disputam os prêmios da mostra competitiva intitulada Première Brasil, no quadro do Festival do BR 2002. Mas a competição do evento carioca também abriga os curtas, que concorrem a um prêmio outorgado pelo júri popular, no valor de R$ 10 mil. Mais de cem curtas foram submetidos à comissão de seleção, que indicou 15 para o prêmio da BR Distribuidora. A justificativa da escolha desses títulos é que eles espelham a diversidade da produção do formato no País. Os curtas selecionados são: Afinação da Interioridade, de Roberto Berliner, Alumbramentos, de Laine Milan, Como se Morre no Cinema, de Luelane Loiola Corrêa, Dadá, de Eduardo Vaisman, Dona Cristina Perdeu a Memória, de Ana Luiza Azevedo, Esse Deserto, de Anna Flávia Dias Salles, Morte, de José Roberto Torero, O Bloqueio, de Cláudio de Oliveira, O Céu de Iracema, de Iziane Figueiras Mascarenhas, O Lobisomem e o Coronel, de Elvis Kleber e Ítalo Cajueiro, Patuá, de Snir Wine, Plano-Seqüência, de Patrícia Moran, À Margem da Imagem, de Evaldo Mocarzel, Um Trailer Americano, de José Eduardo Belmonte, e Vaga-Lume, de Gilson Vargas. Além desses, foram selecionados mais quatro curtas para passar fora de concurso: Uma Pequena Mensagem do Brasil ou Castanha e Caju contra o Encouraçado Titanic, de Walter Salles e Daniela Thomas, Glauces: Estudos de Um Rosto, de Joel Pizzini, Um Sol Alaranjado, de Eduardo Valente, curta em 16 mm que recebeu o prêmio da Cinéfondation, no Festival de Cannes deste ano, e Equilíbrio e Graça, de Carlos Reichenbach. Quase todos esses filmes integram a programação de curtas nacionais, o Panorama Brasil, no 13.º Festival Internacional de Curtas de São Paulo, que começa hoje para o público, na cidade. Por suas características de custo e duração, o filme curto costuma ter um formato mais ligado à experimentação do que o longa. Os diretores que atuam nesse último, boa parte deles, pelo menos, estão tão preocupados em atender às exigências do mercado que terminam fazendo filmes certinhos, comportados. Dessa maneira, esperam faturar e muitas vezes só o que conseguem fazer é se mediocrizar, já que o público que prestigia o cinema brasileiro, uma faixa de 10% dos espectadores, não está exatamente interessada em ver produtos sub-hollywoodianos. O curta é, assim, uma reserva de ousadia e criatividade, mostrando o trabalho de diretores que não necessariamente querem dar continuidade às suas carreiras passando para o longa. Tem gente que quer permanecer no curta e não é por falta de ambição, não. Há curtas que os cariocas vão ver - e os paulistas já estão vendo antes - que despontam como fortes candidatos ao prêmio do público no Festival do Rio BR 2002. Como se Morre no Cinema foi o tríplice vencedor do formato no recente Festival de Gramado - Cinema Brasileiro e Latino. Ganhou os prêmios do júri oficial, do público e da crítica. É ótimo. O filme de Luelane Loiola Corrêa conta a história do papagaio do clássico Vidas Secas, que Nelson Pereira dos Santos adaptou do romance de Graciliano Ramos. Não só do papagaio: Luelane evoca com humor a polêmica que a morte de Baleia, a cachorrinha da trama, provocou na Croisette, quando Vidas Secas integrou a mostra competitiva do Festival de Cannes. Grupos de proteção aos animais acusaram o diretor de ter matado o bichinho. Foi preciso - a produtora Lucy Barreto lembra - preparar um enxoval rápido e despachar Baleia para a França para acalmar a ira dos inimigos que o belíssimo filme de Nelson ia acumulando. Isso é fato, faz parte da história do cinema brasileiro. Luelane Loiola Corrêa lembra agora o episódio com graça, não apenas para homenagear um clássico do cinema nacional mas também para discutir o que é esse cinema, o que nós, brasileiros, pretendemos com ele e de que maneira pode repercutir no País e no exterior. Igualmente belo, o curta Dona Cristina, da gaúcha Ana Luiza, ganhou o prêmio de direção em Gramado e é outro que deve estar na mira do público que vai votar no Rio. E não se pode esquecer de O Céu de Iracema, da cearense Iziane Figueiras Mascarenhas, outro exemplo de sensibilidade feminina: a história do menino e da menina que soltam pipas e descobrem o amor possui um encanto frágil que deve seduzir os românticos.

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