"Sou como sou", dizia um rebelde Marlon Brando

Marlon Brando era um rebelde na vida privada e na carreira. Trocou a vida de fama em Hollywood pela reclusão numa ilha do Tahiti. Foi indicado oito vezes ao Oscar e ganhou duas. Veja o Especial

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Marlon Brando era um rebelde na vida privada e na carreira. Numa época da vida decidiu viver isolado, numa ilha do Tahiti. Recusou o Oscar de melhor ator em 1973 por O Poderoso Chefão, enviando uma mulher que se identificou como Sasheen Littlefeather, para que lesse um texto sobre o tratamento dado por Hollywood aos índios norte-americanos. Ele já tinha uma estatueta do Oscar como melhor ator por Sindicato dos Ladrões, de 1954, e ao todo teve oito indicações ao Oscar, também por A Rua Chamada Pecado (1951), Viva Zapata! (1952), Júlio César (1953), Sayonara (1957), O Último Tango em Paris (1973) e A Dry White Season (1988). O ator cuja conduta imprevisível o tornava uma figura fascinante tanto nas telas do cinema como fora dela, foi o melhor intérprete dramático de sua geração. "Sou como sou", disse certa vez. "E se tenho que bater com a cabeça na parede para continuar sendo fiel a mim mesmo, eu o farei". A partir de sua interpretação de Kowalski em Uma Rua Chamada Pecado, de 1951, Brando mudou a natureza do trabalho do ator nos Estados Unidos. Saído do famoso Actors Studio de Nova York, que ensinava um novo método de atuação baseado nos postulados do ator e diretor russo Konstantin Stanislavsky, Brando criou um estilo cênico que eletrizava o público, acrescentando remungos e gaguejos que apesar de tornar incompreensível o diálogo, aumentavam a impressão de realismo na cena. Marlon Brando nasceu em Omaha, Nebraska, em 3 de abril de 1924, numa família que tinha na origem franceses, ingleses e irlandeses, chamada originalmente de Brandeau. Seu pai era um vendedor de carbonato de calcio e sua mãe, cujo nome de solteira era Dorothy Pennebaker era executiva do Teatro Comunitario de Omaha, onde ocasionalmente trabalhava como atriz e foi ela quem o levou ao teatro pela primeira vez. Tinha duas irmãs mais velhas, Frances e Jocelyn. A família mudou-se para Evanston, Illinois; Santa Ana, California, e Libertyville, Illinois. Brando era um menino rebelde e seu pai o mandou para uma escola militar em busca de disciplina, mas foi logo expulso e se mudous para Nova York aos 19 anos, dividindo um apartamento com sua irmã Frances. Naquela época sua outra irmã, Jocelyn, estudava teatro com a famosa professora Stella Adler e Marlon decidiu ter aulas com ela também. A decisão mudou sua vida para sempre. Uma das primeira peças em que atuou foi Truckline Cafe, dirigida por Elia Kazan, mesmo diretor que lhe deu o papel de Kowalski em Um Bonde Chamado Desejo, em 1947. O personagem do brutal marido de Stella na obra-prima de Tennessee Williams, que interpretou durante dois anos na Broadway, o lançou ao estrelato. O impacto de seu trabalho cinematográfico se refletiu em quatro indicações como melhor ator pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas em quatro anos consecutivos, de 1951 a 1954. Apesar de ter se fixado em Hollywood, recusou-se a participar do mundo do cinema. Nas filmagens de o Grande Motin, em 1962, no Tahiti, apaixonou-se por Tarita, uma moça do local que aparecia no filme e comprou uma ilha no Tahiti chamada Tetiaroa. Apesar de continuar sendo um astro, sua carreira declinou na década de 1960 e só se recuperou em 1972, quando Coppola o escolheu para viver o papel histórico de Vito Corleone em O Poderoso Chefão. Em seguida fez o também renomado O Último Tango em Paris, dirigido pelo cineasta italiano Bernardo Bertolucci, que lhe rendeu uma das indicações ao Oscar. Seu primeiro casamento foi com a atriz Ana Kashfi, em 1957, que acreditava ser originária da Índia, mas depois descobriu ser irlandesa e terminou o casamento um ano depois. Em 1960, casou-se com a atriz mexicana Movita de quem se divorciou quando conheceu Tarita. As três mulheres estavam grávidas quando Brando se casou com elas. No total, ele teve nove filhos. Em maio de 1990, o mais velho, Christian, matou a tiros Dag Drollet, de 26 anos, amante tahitiano de sua meia-irmã Cheyenne, na mansão da família em Beverly Hills. Christian, de 31 anos, assumiu a culpa e foi condenado há dez anos de prisão. A tragédia aumentou ainda mais quando Cheyenne, deprimida com a morte de Drollet, suicidou-se aos 25 anos de idade. o ano passado o ator reconheceu, durante um processo judicial de pedido de pensão, a paternidade de três filhos com María Cristina Ruíz, que ela afirmou serem frutos de um relacionamento de 14 anos com o ator.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.