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Sífilis pode ter enlouquecido Nietzsche

Por Agencia Estado
Atualização:

Dessa fase terminal do filósofo na Itália temos o Nietzsche em Turim, da ensaísta Lesley Chamberlain, editado pela Difel. A base do texto é construída a partir das cartas que ele escreveu entre abril de 1888 e janeiro de 1889. Nietzsche deixara a Basiléia, na Suíça, onde lecionava e passara a viajar seguidamente, morando em Sorrento, Gênova, Veneza e nos Alpes Suíços, antes de instalar-se em Turim. Os historiadores e exegetas do filósofo entendem que esta fase de sua vida tornou-se penosa por uma conjunção de fatores adversos. Provavelmente numa aventura em um bordel, Nietzsche havia contraído sífilis, doença venérea então incurável e cujo estado final conduz à demência. O episódio é descrito de forma romanceada por Thomas Mann em Doutor Fausto. Seu personagem, Adrian Leverkühn, é uma figura composta com traços de Nietzsche e Schoenberg, o criador do serialismo na música. Morre louco. Havia outros problemas, além da doença. Nietzsche ressentia-se do casamento da irmã, Elizabeth, a quem era muito ligado (o que não a impediria, mais tarde, de associar indevidamente o nome de Nietzsche ao nazismo). Haviam naufragado suas tentativas de romance com Lou Andreas-Salomé, russa de São Petersburgo que havia virado a cabeça da intelligentsia européia de sua época, de Freud a Rilke. Richard Wagner, com quem Nietzsche manteve uma relação de ambivalente amizade, havia morrido. Tudo deve ter concorrido para minar uma inteligência que gostava de desafiar limites.

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