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Sex shop do Brasil para o mundo

Desafio de 'De Pernas pro Ar 2', do diretor Roberto Santucci, é saber crescer tecnicamente

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Rio e Nova York. Da próxima vez, quem sabe, Paris. A vida de Roberto Santucci virou de pernas para o ar nos últimos tempos. Diretor de filmes pequenos, maldito – ou quase –, ele estourou na bilheteria e passou a ser bajulado por produtores e distribuidores. Para quem havia feito 60 mil espectadores com Bellini e a Esfinge, adaptado do livro de Tony Bellotto, com elenco global, Malu Mader e Fábio Assunção à frente, os 3,6 milhões de público de De Pernas pro Ar tiveram o efeito de uma revolução. O mercado exigiu e Santucci conclui De Pernas pro Ar 2, depois de realizar outra comédia que ainda não estreou, Até Que a Sorte nos Separe, com Leandro Hassum. 

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Humor, humor – mas Santucci continua sonhando com seus policiais e com um lançamento decente para Alucinados, um filme no qual colocou todo o seu coração. Quem disse que ele encontrou parceiros para a finalização? “Ninguém queria saber”, ele conta. O convite da produtora Marisa Leão para que dirigisse De Pernas Pro Ar o pegou de surpresa. “Ela viu em mim um potencial e um profissionalismo que, pelo visto, estavam passando despercebidos.” O filme arrebentou, Santucci virou um diretor quente no mercado e as estrelas do filme – Ingrid Guimarães e Maria Paula – dispararam no firmamento do cinema nacional.

O sucesso foi tão grande que, no 2, com estreia em 28 de dezembro, Ingrid transformou a sex shop em franquia e está abrindo filial em Nova York. O filme vai bater o próprio recorde? “Ninguém criticou mais o acabamento do primeiro filme que eu”, diz Marisa Leão. “A meta com a parte 2 é melhorar tecnicamente. Quando lancei o 1 rezava para que fizesse 1,5 milhão de espectadores. Foi muito além e agora o que vamos fazer é acompanhar a evolução dos personagens”, explica a produtora. Até onde poderá ir essa evolução? De Pernas pro Ar 2 vai a Nova York (leia abaixo) e abre a brecha para outra sucursal da loja em Paris. Teremos o 3? “Peraí, antes é preciso lançar o 2”, agora é Santucci quem fala.

Essa conversa foi no fim de abril, no set de De Pernas pro Ar 2, na Estrada das Canoas, no Rio. O 1 havia sido filmado – as internas – em Paulínia, aproveitando a infraestrutura que o polo cinematográfico da cidade oferecia. Mas Paulínia já era, uma decisão política do prefeito que, em ano eleitoral, resolveu investir a verba toda no social – como se o polo e o festival de cinema não criassem empregos nem formassem profissionais. A questão é que Marisa Leão se viu sem estúdio e improvisou um.

De Pernas pro Ar foi quase todo, filmado no câmpus da Universidade Cândido Mendes. Encravado na mata, o câmpus foi desativado e está à venda. Com prédios e salas abandonados, Marisa, Santucci e equipe só tiveram de se adaptar às condições locais. Uma sala virou quarto de hotel em Nova York, outra virou a sex shop que está sendo inaugurada. A cena filmada no dia em que o repórter visita o set é justamente a da inauguração da loja. Comes e bebes, muitos figurantes em trajes de festa. O que seriam as janelas, estão vedadas por papel verde e o motivo é simples. Através do vidro o espectador vai ver a paisagem urbana de Nova York, aplicada digitalmente. Mas isso será depois. Neste dia, o cenário de festa vira o maior barraco, porque as sócias Ingrid Guimarães e Maria Paula brigam feio. A primeira acusa a segunda de haver roubado seu homem. À medida que o bate-boca aumenta, os figurantes participam. ‘Oooohhhh’, ‘Nãooooo’. Dá vontade de rir só vendo a cena no vídeo, de onde Santucci acompanha a filmagem.

Ele explica qual foi seu maior desafio – “O primeiro filme lançou a piada e foi bem-sucedido, mas não poderíamos simplesmente reproduzir. Sem deixar cair a peteca do humor, criamos aqui uma dramaturgia mais densa, por que não? A preocupação é dar aos espectadores um pouco mais dos personagens com quem eles já se identificaram. Ingrid virou uma empresária tão bem-sucedida que não está tendo tempo para o marido (Bruno Garcia). É uma típica mulher moderna, competitiva, que coloca a carreira em primeiro plano e colhe as consequências.” Ingrid fala da personagem. “Alice é o retrato das mulheres que deixam o marido no segundo plano, num tipo de traição que não envolve outro homem e sim, a omissão.” 

Mas há, sim, outro homem – e ela ensaia um triângulo amoroso com o personagem de Eriberto Leão, uma novidade na trama. Novidade mesmo é o novo brinquedo erótico – um polvo, cheio de tentáculos, sacaram? Vem muito orgasmo por aí.

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