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Seth MacFarlane ameniza tom de piadas em comédia romântica escrachada

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Por Redação
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O norte-americano Seth MacFarlane é um desses humoristas que parecem não ter limites no tom de suas piadas. Debocha de si e de todos ao redor, sem se importar se o tema é um tabu ou se ofende a determinados grupos nas animações para a TV que criou, como "Uma Família da Pesada", "American Dad" ou "The Cleveland Show" (transmitidas pelo canal FX, no Brasil). Em suas incursões no cinema, como "Ted" (2012) e agora em "Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola" (cujo trocadilho do título brasileiro pode ruborizar os mais pudicos), no entanto, ele coloca o pé no freio. A pegada mais leve no humor faz sentido quando medida pela dimensão comercial, de evitar conflitos nas praças de exibição. Mas o comediante se retorce a cada piada "censurada" em seu roteiro. Em linguagem corrente, ele preferiria "pegar pesado". Aqui, ele faz Albert, um fazendeiro covardão, que vive com os pais, e por isso acaba perdendo a namorada Louise (Amanda Seyfried) para o barbeiro Foy (Neil Patrick Harris). O fato é que ele vive reclamando das agruras de viver no velho Oeste dos Estados Unidos, numa época em que se pode morrer das mais ordinárias formas (assunto que já havia tratado em "Uma Família da Pesada"), daí o nome do filme. Quando a forasteira Anna (Charlize Theron) chega à cidade, Albert vê aí a possibilidade de se vingar de Louise: ele fingirá, com o consentimento da moça, que ambos são namorados. O problema é que Anna é casada com Clinch (Liam Neeson), o líder de um bando de criminosos. O vilão é informado da brincadeira como verdade e vai atrás de Albert, que, sem saber de nada, acaba apaixonado pela nova amiga. Trata-se, portanto, de uma comédia romântica apimentada pelo humor escrachado de Seth MacFarlane e seus personagens mirabolantes. Como o gentil Edward (Giovanni Ribisi) e sua noiva Ruth (Sarah Silverman, outra comediante sem limites), uma prostituta de alta performance, mas que diz a Edward o impensável: sexo com ele só depois do casamento e por motivos religiosos. Irônico, MacFarlane interpreta a si mesmo no velho Oeste, com todos os seus cacoetes físicos e a mania de ironizar todos que estão ali (incluindo o espectador). E o faz com competência, sem cair na escatologia (que marcou "Ted", por exemplo). O problema é não se apropriar do gênero para construir algo novo, afastando-se dos clichês, incluindo os próprios, especialmente o humor auto-referente, que domina todos os seus trabalhos. Se o diferencial for, como parece, apenas a torrente de piadas, ele não devia ter segurado sua ferina ousadia para esta produção. Com MacFarlane light, o filme ficou apequenado. (Por Rodrigo Zavala, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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