
16 de outubro de 2019 | 10h23
Em tempos de Mostra, cessa temporariamente o fluxo de 12, 15 e até 17 lançamentos que tem sido a norma das últimas semanas. Distribuidores e exibidores sabem que, desta quinta, 17, até 30, o público poderá escolher entre 300 títulos – produções de todo o mundo, 60 do Brasil – e respeitam o maior evento de cinema da cidade, atualmente, também do Brasil.
Entram somente seis novos filmes, dois com passagem prévia pela 8 ½ Festa do Cinema Italiano (Desafio de Um Campeão e Euforia), um suspense espanhol multipremiado em todo o mundo (O Enigma da Rosa), mas, claro, há que ressaltar que Angelina Jolie está chegando. Quem viu Malévola em 2014, lembra-se de como ela estava bela vestindo, toda de preto, lábios bem vermelhos, o figurino da malvada. Cinco anos depois, no 2, o subtítulo – Dona do Mal – é enganoso porque Angelina, mesmo mantendo o preto das roupas, tem amor por Aurora no coração. Prepare-se – um filme em que a verdadeira vilã só se veste de branco só pode oferecer surpresas. Embora recebido a pancadas pela crítica dos EUA – as primeiras resenhas pontuam menos de 50% no site Rotten Tomatoes -, Dona do Mal tem atrativos. Ora, se tem. E o maior deles é: Angelina.
Dir. de Leonardo D'Agostini, com Stefano Accorsi, Marco Carpezano.
Longa exibido na recente 8 ½ do cinema Italiano. Difícil não ver similaridades com o uruguaio Meu Mundial, que teve lançamento recente. Um jovem jogador começa a ter problemas dentro e fora de campo. O clube contrata um professor para tentar estruturá-lo. Cria-se uma bela relação de amizade entre Carpezano e Accorsi (o mestre). Não sendo propriamente original, o filme compensa com interpretação, realização – bem bom.
Dir. de Josué Ramos, com Patricia Olmedo, Elisabet Gelabert, Pedro Casablanc, Eva Llorach.
Suspense espanhol sobre casal cuja filha desaparece. O tempo passa e chega uma carta – a garota foi sequestrada. O sequestrador pede uma reunião com o pai, a mãe e o irmão e exige que confessem – o quê? Vencedor de 30 prêmios internacionais, incluindo melhor filme no Festival de Madrid.
Dir. De Valeria Golino, com Marco Scamarcio, Valerio Mastandrea.
Outra atração da recente 8 ½ Festa do Cinema Italiano, o longa da atriz e diretora Valerio Golino aborda relações familiares. Dois irmãos em tudo diferentes, mas um, Mastandrea, está com a saúde debilitada e tem de se instalar na casa de Scamarcio. Esse último foi marido de Valeria. O casamento acabou, mas a ligação artística segue forte. Ao Estado, ela declarou: “É minha alma gêmea”. Qual dos irmãos precisa mais de ajuda? Aparentemente, o enfermo. Mas o outro é drogado, e está no limite. A própria diretora reconhece – é um filme de atores. E os dois estão muito bem.
Dir. e interpretação de Casey Affleck, com Anna Pniowsky, Elisabeth Moss, Tom Bower.
A cena inicial, de quase dez minutos, dá o tom. Garota pede ao pai que lhe conte uma história e ele a enrola com um pastiche de várias que demoram para fazer algum sentido. Após o Oscar de melhor ator por Manchester à Beira-Mar, o irmão mais talentoso de Ben Affleck dirige e interpreta a trama sobre pai que, num mundo futurista e distópico, tenta proteger a filha. Uma praga acabou com as mulheres, e ele disfarça o gênero da garota. Conseguirá? Um filme falado, com mais diálogos que ação, mas uma cena explosiva de violência prova que Casey tem pulso.
Dir. de Joachim Ronning, com Angelina Jolie, Michelle Pfeiffer, Elle Fanning, Harris Dickinson.
O casamento de Aurora coloca a garota e sua 'madrinha' em campos conflitantes. Resistirá o afeto? Apesar do figurino preto de Angelina, como Malévola, a verdadeira vilã veste branco – e Michelle fica repetindo que este não é um conto de fadas. A subversão das cores tradicionais não é o menor dos charmes do relato do diretor norueguês Ronning. O primeiro filme foi um êxito planetário. O segundo é mais sombrio e até assustador, o que levanta a questão de ser ou não um programa infantil. Mas tem ação, humor, romance e muitos, muitos efeitos especiais.
Dir. de Daniel Gonçalves.
Documentário na primeira pessoa, em que o diretor, que sofre de uma doença rara nunca diagnosticada, reage à injustiça do mundo. Para todos coitadinhos, ele tenta provar que tadinho é... Olha o palavrão! Um filme confessional, corajoso.
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