Homens com mais de trinta anos comportando-se como adolescentes imaturos são comuns nas comédias de Hollywood. Mas raramente eles são realmente engraçados, como é o caso de Se Beber, Não Case, que estreia em todo o Brasil.
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Cena de 'Se Beber, Não Case', sobre uma despedida de solteiro. Foto: divulgação
O diretor Todd Philips (um dos roteiristas de
Borat
) acompanha as consequências de uma despedida de solteiro em que deu tudo errado - sem mostrar a festa em si.
Na manhã seguinte à noitada, os protagonistas acordam na maior suíte de um dos hotéis mais caros de Las Vegas, o Caesar Palace, e vêem o que parece um verdadeiro campo de batalha. Além da destruição do quarto, o saldo é um colchão queimado, um dente quebrado, um bebê (de quem será?), um tigre e um noivo desaparecido.
Na primeira cena, Phil (Bradley Cooper, de
Ele Não Está Tão a Fim de Você
) liga para a futura noiva e conta que perderam seu futuro marido, vivido por Justin Bartha (de
A Lenda do Tesouro Perdido
).
O grupo engloba, além destes dois, o dentista Stu (Ed Helms,
Os Delírios de Consumo
de Becky Bloom), e o irmão da noiva, o esquisitão meio pervertido Alan (Zach Galifianakis, de
Força G
), que acompanhou os três amigos mesmo sendo persona non grata.
Se Beber, Não Case
é, basicamente, a saga dos três personagens para recuperar o noivo perdido - o casamento é no domingo - e descobrir o que aconteceu na noite em questão. Eles não se lembram de nada, pois Alan colocou no drinque deles a mesma droga usada no golpe
Boa Noite, Cinderela
.
As pistas para a reconstituição são os destroços da noite anterior, como um carro de polícia roubado, um bebê perdido e o tigre preso no banheiro que, descobre-se depois, é de propriedade do boxeador Mike Tyson - que faz uma pequena participação no filme.
A resolução do mistério inclui uma stripper, Jade (Heather Graham, de
Boogie Nights - Prazer Sem Limites
), uma capela de casamentos a jato e um traficante.
Roteirizada por Jon Lucas e Scott Moore (a mesma dupla de
Surpresas do Amor
e
Minhas Adoráveis Ex-Namoradas
), a comédia apoia-se em clichês para construir seu humor - muitas vezes rasteiro.
Os quatro sujeitos que vão para Las Vegas são a obviedade ambulante, assim como as situações que enfrentam. Exatamente por brincar num terreno com o qual o público está familiarizado, o filme consegue ser engraçado. Não há invencionices, não há novidades - apenas um punhado de piadas velhas habilmente recicladas.
Embora as personagens femininas praticamente inexistam, não dá para chamar o filme de machista. Elas são, afinal, o sonho de muitos homens: a noiva doce, delicada e compreensiva, a prostituta de bom coração - apenas uma é a mulher tirana, mas ela também pode ser a fantasia de alguns.
Já os rapazes não passam de quatro meninos grandes, tão inconsequentes que são incapazes de ver a destruição que causaram. É impossível se ofender com estes personagens. (Por Alysson Oliveira, do Cineweb)