Schwarzenegger chega para férias em "O 6º Dia"

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Por Agencia Estado
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Melhor ou menos ruim? O 6º Dia que estréia sexta, é tão barulhento quanto Fim dos Dias, de Peter Hyams - o apocalipse, segundo Arnold Schwarzenegger -, mas é no mínimo mais interessante do que a aventura precedente do exterminador. Schwarzenegger continua no futuro - um futuro não tão longínquo, informa um letreiro, no começo. Após o malogro das experiências para clonar homens, esse tipo de experimento científico foi banido. Clonagens, só as de animais, feitas por uma empresa que tem o sugestivo nome de Repet, o que tanto se refere a repetir quanto a pet (animal doméstico). Mas as clonagens humanas continuam sendo praticadas, só que clandestinamente, e com o risco que o espectador pode imaginar. É um filme de Roger Spottiswoode, um ex-assistente de Sam Peckinpah que fez alguns filmes de certa ambição, não necessariamente bons, como Sob Fogo Cruzado, quando a situação na Nicarágua ainda era explosiva, e o semidocumentário E a Vida Continua, sobre a aids, antes de dirigir o que talvez seja o melhor filme recente de James Bond - 007 - O Amanhã nunca Morre, em que Pierce Brosnan, no papel do herói, divide a cena com a superstar asiática Michelle Yeoh (que vem aí maravilhosa, em Tigre e Dragão, de Ang Lee). Spottiswoode é o técnico dos sonhos dos produtores de Hollywood. Nesse cinema padronizado de montagem que as majors fazem hoje, às dúzias, os diretores não são mais os autores que, na era dourada de Hollywood, desafiavam os códigos da indústria para fazer obras pessoais. Spottiswoode aprendeu o ofício com Peckinpah, mas nunca teve a ambição do outro. Dirige bem, no padrão do cinemão, com muitas explosões e pancadarias, e não tenta imprimir um toque pessoal ao que faz. Só que o fato de ser um diretor anódino não o impede de assinar um filme que, afinal de contas, ironiza o próprio mito do astro Schwarzenegger. Se você é um observador atento desse tipo de cinema de ação já sabe que Hollywood pode começar a forjar novos ídolos. Stallone está um bagaço em O Implacável. Schwarzenegger ainda mantém a forma física (um pouco, pelo menos), mas o público já parece cansado dele. O 6º Dia foi um grande fracasso nos cinemas americanos. O que o público dos EUA não quis aceitar é o que talvez torne o filme divertido. Como quase todos os heróis, Schwarzenegger cria personagens que não hesitam em partir para o sacrifício em defesa da humanidade. Foi assim no desfecho de O Fim dos Dias. É, assim, até certo ponto, no filme atual. A novidade é que Schwarzenegger é clonado no filme e assim temos não um mas dois heróis para resolver o problema que antigamente ele enfrentaria sozinho. Não representa pouca coisa. Schwarzenegger assume que não é mais o mesmo. Em Hollywood, tanto isso é verdade que ele não ganha mais US$ 20 milhões por filme. Baixou para "míseros" US$ 15 milhões.

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