Sandra Bullock volta para recuperar a carreira

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Por Agencia Estado
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Para alegria de quem sentia saudades de Sandra Bullock, estréia hoje o mais novo filme da atriz, 28 Dias (28 Days). Com a história de uma alcólatra obrigada pela justiça a encarar 28 dias em uma clínica de reabilitação, a própria atriz tenta recuperar sua carreira. O filme começa muito bem, com imagens da bebedeira de Gwen (Sandra Bullock) e de seu namorado Jasper (Dominic West) gravadas em vídeo, dando um ritmo e uma textura diferente. Depois, já em 35mm - mas alternando com a pouca resolução da imagem digital - vemos Gwen arruinar a festa de casamento da irmã (Elizabeth Perkins). No decorrer do filme, o mesmo recurso é utilizado para mostar a infância da personagem, e explicitar a conexão entre o passado e o presente. Este início é promissor. Festa de família (Festen, Dinamarca, 1998), havia utilizado o mesmo recurso para tornar o filme mais ágil; e A bruxa de Blair (The Blair witch project, 1999), para dar diferentes texturas. Contudo, este princípio serve apenas para mostrar como Hollywood já incorporou as inovações propostas por estes dois projetos,. A partir daí, o filme caí no lugar comum e nos clichês. O roteiro e a direção passam a ser burocráticos e o óbvio acontece na tela. Claro que Gwen vai resistir à reabilitação, mas aos poucos percebe que está errada e consegue fazer bons amigos. Também não é surpresa surgirem novos interesses amorosos e o antigo namorado de noitadas vai sendo deixado de lado. Não falta também a fuga e as tentativas de traficar drogas para dentro do centro. A inicial resistência da irmã em perdoá-la, até a redenção, quando ambas admitem ter errado. E, claro, não poderiam faltar os depoimentos para a câmera, com o ator olhando e falando diretamente para ela, de como é difícil largar o vício, "mas a vida é bem melhor sem ele". Um filme que se passa num centro de reabilitação não oferece grande variedade de situações ao roteirista. Então, por que fazer o que outros já fizeram, e bem, como no bom e pouco visto Gridlock?d (idem, 1997) com Tim Roth e o falecido rapper Tupac Shakur, que interpretam dois viciados que não conseguem ser aceitos por nenhum centro de reabilitação. E Sandra Bullock é Sandra Bullock. Depois do fracasso de Velocidade Máxima 2 (Speed 2: Cruise control, 1997), ela vem tentado retornar ao topo com o estilo que a consagrou, os filmes água-com-açúcar. É o caso de Forças do destino (Forces of nature, 1999), no qual atua ao lado de Ben Affleck. Em 28 Dias, ela prefere não se arriscar e faz uma bêbada simpática e engraçada, exatamente o oposto do personagem depressivo que deu o Oscar a Nicholas Cage em Despedida em Las Vegas (Leaving Las Vegas, 1996). Talvez a ex-namoradinha da América se sinta constrangida para se entregar totalmente à um papel deste, mas, insistindo nessa tecla, nunca será considerada uma grande atriz, e estará condenada a fazer sempre o mesmo papel, seguindo os passos de Meg Ryan. Mas, ao contrário desta, os filmes de Sandra Bullock já não atraem tanto público - os mais recentes têm passado desapercebidos. 28 Dias não deixa de ser engraçado e divertido, apesar do tema forte. Não arrisca nem um milímetro e segue as mesmices do gênero. Mas é perfeito para os fãs de Sandra Bullock, ou para quem gosta de filmes água-com-açúcar.

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