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Sala de cinema feita de bambu é montada no Rio

O CINEmato terá primeira sessão, sábado, com 'Carta a V', filme de Walter Salles

Por Roberta Pennafort
Atualização:

Um telão na parede e muitas ideias na cabeça. Enquanto o parque exibidor brasileiro cresce timidamente - temos uma sala para cada 77 mil habitantes, sendo que apenas 10% dos municípios brasileiros possuem ao menos uma, segundo dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine) -, iniciativas isoladas que visam à democratização do acesso surgem no País, tanto no interior quanto nas periferias das capitais. Adorado por turistas, o bairro de Santa Teresa, na região central do Rio, tem apenas uma salinha de 54 lugares. No próximo sábado, das 20 horas às 22 horas, ganhará outra, do CINEmato. Fruto de uma parceira da cineasta carioca radicada em Lisboa Prisci La Guedes com o Atelier Sustentável, espaço de experimentações artísticas e de design combinadas à ecologia, a sala, de 35 metros quadrados, é feita de bambu e recoberta por telhas, para o caso de chuva. A autoria é dos ecodesigners  Tiago de Paula e Daniel Malaguti.O foco são filmes autorais e curtas-metragens. Na sessão de 09/11 será exibido Carta a V, que Walter Salles fez para seu filho Vicente. "Não esperamos um grande público, e sim fazer com esse projeto floresça. Não é feito para lucrar. O preço do ingresso é absurdo no Brasil. Em Portugal, são oito euros, e tem como baratear mais", conta Prisci La, que convidou possíveis patrocinadores para a sessão.Com vivência na França, onde se formou em cinema, e na Suíça, ela deu vida ao CINEmato pela primeira vez há seis anos, no Sana, área rural do Estado do Rio, e agora busca recursos para dar permanência ao projeto. "Muitas pessoas do Sana que nunca tinham ido ao cinema, analfabetos, descendentes de quilombolas, viram seu primeiro filme ali. Foi quando eu vi o brilho desse projeto. Queremos ir até os espectadores que vivem em regiões de isolamento cultural."

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