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Sai a lista de concorrentes de Gramado

Seleção inclui cinco ficções brasileiras, quatro para a competição de cinema latino, todas inéditas, e cinco documentários para a mais nova categoria do evento

Por Agencia Estado
Atualização:

Tudo começou em 1972, quando o primeiro Festival do Cinema Brasileiro de Gramado premiou Toda Nudez Será Castigada, de Arnaldo Jabor. Agora, muitos Kikitos depois, Gramado faz uma grande festa para completar seus 30 anos. A 30.ª edição do festival na cidade serrana do Rio Grande do Sul será realizado de 12 a 17 de agosto. Hoje, em Porto Alegre, a comissão organizadora do evento fez o anúncio oficial dos filmes que vão concorrer aos Kikitos deste ano e também dos homenageados com os troféus especiais que Gramado, tradicionalmente, atribui para destacar a contribuição de figuras históricas do cinema nacional. Na categoria longas, Gramado-2002 vai exibir 14 filmes: cinco ficções integram a competição brasileira, quatro a competição do cinema latino e os cinco restantes pertencem a uma categoria que está sendo criada este ano, a de documentários, com premiação própria. Na categoria curtas, dos 134 inscritos foram selecionados 25: 14 curtas em 35 mm, 10 em 16 mm e um média em 16 mm. O troféu Eduardo Abelim, criado no ano passado, vai destacar a atividade de Roberto Farias, o diretor de Pra Frente Brasil, que, em 1982, recebeu o Kikito de melhor filme. Outro troféu, o Oscarito, irá para Marieta Severo, atriz duas vezes premiada com o Kikito, e no mesmo ano (1986), pelo longa Com Licença Eu Vou à Luta e pelo curta A Espera. Gramado 2002 fornecerá o quadro para a pré-estréia nacional de A Paixão de Jacobina, que Fábio Barreto realizou baseado no livro de Luiz Antônio Assis Brasil, Videiras de Cristal (rebatizado com o nome do filme na atual reedição). A Paixão de Jacobina ficcionaliza um episódio polêmico da história do Rio Grande: a saga dos Muckers, o Canudos do Extremo-Sul, que já rendeu outro filme semidocumentário de Jorge Bodanzky nos anos 1970, com a atriz gaúcha Marlise Saueressig no papel que Letícia Spiller interpreta agora. Ao longo desses 30 anos, Gramado firmou-se como um dos mais importantes festivais do País e certamente contribuiu para consolidar a aura da cidade como centro por excelência do turismo no Rio Grande do Sul. Mas podem-se fazer reparos nessa trajetória vitoriosa: até por desenvolver-se numa cidade turística distante mais de cem quilômetros da capital, Gramado não possui a vibração popular que está fazendo o Festival do Recife subir rapidamente no ranking nacional. Também não teve a persistência do de Brasília, que se manteve brasileiro no difícil período na era Collor, quando a produção nacional caiu quase a zero. Gramado virou, então, um festival de cinema brasileiro e latino. Exibiu e até premiou obras importantes, mas não teve força para abrir mercado para a produção ibero-americana. Os longas de ficção deste ano são todos inéditos, o que torna a seleção mais quente. Uma Onda no Ar, o filme do mineiro Helvécio Ratton sobre a Rádio Favela de Belo Horizonte, coloca na tela o Brasil dos excluídos, desenrolando-se num cenário semelhante ao de Cidade de Deus, de Fernando Meirelles. O curioso é que Ratton fez o primeiro Menino Maluquinho e Meirelles o segundo, com propostas diferentes de cinema. A curiosidade, agora, é saber se ambos mantêm as diferenças no tratamento da questão social. As demais ficções não são menos interessantes: Separações, de Domingos de Oliveira, Durval Discos, de Anna Muylaert, Querido Estranho, de Ricardo Pinto e Silva, e Dois Perdidos, que José Joffily adaptou da peça de Plínio Marcos (e rodou em Nova York). Entre os documentários, dois são inéditos: Edifício Master, de Eduardo Coutinho, e Poeta de Sete Faces, de Paulo Thiago, sobre Carlos Drummond de Andrade. Os outros dois já são conhecidos: Onde a Terra Acaba, de Sérgio Machado, e A Cobra Fumou, de Vinicius Reis. É uma boa seleção, a de filmes brasileiros em Gramado 2002.

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