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Saga 'Amazônia' ganha narração de Lúcio Mauro Filho

Filme mais caro da história do cinema brasileiro, conta a saga do macaco Castanha para sobreviver na floresta

Por Flavia Guerra
Atualização:

O filme mais caro da história do cinema brasileiro. Ou melhor, uma coprodução entre Brasil e França que consumiu três anos de filmagens, com orçamento de R$ 26 milhões de reais, quase 100 profissionais de cinema entre Brasil e Europa e mais 200 profissionais locais, com média de 300 pessoas no set e 45 toneladas de equipamento em cada filmagem. Tudo isso para  realizar Amazônia, longa em 3D que conta a saga de Castanha, um macaco-prego que cresceu na cidade e, depois de sobreviver a um acidente de avião, é obrigado a aprender a sobreviver sozinho na floresta amazônica. Um pequeno detalhe. Amazônia 3D não é animação. "É filme de verdade,  com todas as cenas reais. Tirando a cena do acidente do avião, não há nenhum efeito especial", comentaram os produtores Caio Gullane e Fabiano Gullane durante conversa com a imprensa na tarde de sexta. "E vale dizer que o filme foi 100% rodado na Amazônia. Daí a complexidade da realização e a necessidade de pegar a complexidade do clima, as chuvas, as estações. O alto custo do projeto se explica muito por isso", completou o distribuidor Jean Thomas Bernardini, da Imovision. O longa só estreia dia 26, em 200 salas do Brasil, mas a campanha de Amazônia começa já. Tanto para aproveitar o período pré-Copa e pré-férias. Afinal, Amazônia, depois de estrear  no Festival do Rio 2013 com uma cópia em que quase não havia narração, chega agora ao circuito com um novo formatoo formato, em que a voz de Castanha pontua todo o filme. Dublado pelo ator Lúcio Mauro Filho, Castanha divide com o público suas dúvidas, angústias, descobertas, medos e conquistas. A opção, que mira principalmente o público infantil, foi acertada. Criados por José Roberto Torero, com base no roteiro de Luiz  Bolognesi, os diálogos internos de Castanha funcionam e conduzem o espectador pela  aventura do personagem.  "Eu gosto muito de escrever voice over e narração. Então, para mim, foi uma delícia criar as falas do Castanha. Mas não inventei a personalidade dele. O que fiz foi escrever a partir do personagem que já existia no roteiro, com base na personalidade dele", comentou Torero. "Ele é sentimental, inexperiente, engraçado, delicado. E foi isso que tentei fazer ao criar os pensamentos dele", completou.

Ações reais. Para o roteirista Luiz Bolognesi, tão importante quanto filmar a natureza respeitando os  tempos e o meio ambiente local, foi registrar as ações dos quatro macacos que se revezaram nas filmagens da história de Castanha respeitando o cotidiano dos animais. "Eu tinha  receio do que os especialistas, veterinários, biólogos e zoólogos que nos acompanharam iriam pensar do filme. Demos uma voz humana ao macaco, construímos uma história. O que eles achariam disso?", contou Bolognesi. "Mas nas sessões que fizemos esta semana para o pessoal do Pará e do Amazonas, tudo foi muito bem. Eles aprovaram. E apoiaram a ação. Foi muito importante isso para nós", completou ele. Para os produtores Caio e Fabiano, respeita o tempo e a realidade da floresta foi um dos maiores desafios.  "Por isso tivemos de ter calma e tempo para filmar. As ações dos animais parecem interpretações, mas houve uma grande preparação e pesquisa. O roteiro se valeu de como os animais são na vida real. Jogamos a favor. Quando se filma na floresta, é  isso que temos de fazer.Não adianta querer lutar contra", declara Caio Gullane. Para manter o pé no real, filmar com tempo e técnicas de documentário também foi importante. Nesta etapa, a experiência da equipe francesa e do diretor Thierry Ragobert, que trabalhou com mestres como Jacques Cousteau, foi imprescindível. "Era necessário esperar e criar situações que respeitassem o ritmo dos animais, de seu comportamento. Tudo no filme leva isso em consideração. Por isso, usamos muito a técnica de observação. Alguns câmeras dormiam  em cima das árvores por dias até que o macaco passasse e acontecesse a ação", explica Fabiano, que escolheu como locação uma área de Presidente Figueiredo, no Amazonas, região de muitas cachoeiras e berço de muitos grupos de macacos-prego. "Com a ajuda do Ibama, selecionamos quatro macaquinhos para viver o Castanha. Eles eram bem selvagens, que viviam em uma área da floresta delimitada.  Um adorava água, outro amava comia, outro trepava nas árvores com muita facilidade. Tudo dependia muito do humor deles", comenta os produtores. "O maior desafio foi realmente preparar a equipe para trabalhar com os animais. Se a gente chega com a adrenalina da cidade, os bichos fogem.  Tivemos de trabalhar com os animais para harmonizar  tudo", explicou o produtor Fabiano Gullane.Quem é Castanha? É a coleirinha vermelha que Castanha usa que dá unidade ao personagem. E que o aproxima do comportamento da cidade. "Ele é um cara que cresceu na metrópole, mas a história no filme é fiel à natureza. Toda a história da Gaia (macaca por quem ele se apaixona) e do Castanha parece um Romeu e Julieta. Mas a dinâmica dos macacos é assim. Os bandos são formados por um macho alfa que tem várias fêmeas. E quando um jovem macaco macho cresce, ele é expulso  do bando e passa a procurar um outro bando, fica à espreita para ver se alguma fêmea se desgarra deste bando e, assim, acasala com ela e forma um novo bando", continua ele. "Eu tinha tido já experiências de dublagem com o Kung Fu Panda, que foi a minha grande escola, em que trabalhei com profissionais internacionais que me ajudaram muito. Quando recebi o convite para fazer o Castanha, uma ideia de gente doida que já tinha algo pronto e resolveu transformar, tínhamos muito pouco tempo. Então, preferi ouvir os pais da história. E me entreguei na mão do Luiz e do Fabiano, que me fizeram acreditar que eu conseguiria fazer isso', conta o ator. "O texto me deu muito o tom do Castanha. Um texto muito doce, mostrando um personagem que é um adolescente, que vai para o lugar de suas raízes, mas que não sabe se virar. Ele é um adolescente social. A grande questão era encontrar a doçura e a pureza de um cara que está em um lugar onde há a energia ancestral, mas que não encontrou ainda sua força", observa Lúcio Mauro. "Quando a gente terminou o dia da dublagem, vi que havia me comovido de verdade com o Castanha. Meus filhos viram dez minutos do resultado e levara um susto inicial, pois achavam que era animação. 'É de verdade?', perguntaram. Depois, ficaram super encantados. Já é muito bom sair do comum e mostrar um filme de verdade. Meu filho, de dez anos, me fala: 'gostei muito. É muito interessante. Parece o Guerra do Fogo. Então, se em dez minutos ele já fez esta leitura, é porque ele fala muito com o público infantil", comentou o ator.

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