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Roteiro inédito de Kieslowski abre Festival de Berlim

A maratona, que terá 12 dias de duração, começa nesta quarta-feira com a exibição de Heaven, de Tom Tykwer, o mesmo diretor de Corra, Lola, Corra, com roteiro inédito de Krzysztof Kieslowski

Por Agencia Estado
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Com expectativa de público girando em torno de 350 mil pessoas, incluindo 3,5 mil jornalistas de 70 países, o Festival de Berlim começa nesta quarta-feira, com a exibição de Heaven, na competição oficial, direção de Tom Tykwer para um roteiro inédito de Krzysztof Kieslowski, em parceria com Krzysztof Piesiewicz. A noite de abertura promete: um fracasso total ou, quem sabe, novos rumos para a linguagem da chamada sétima arte. Tom Tykwer, para quem não se lembra, é o realizador do cultuado Corra, Lola, Corra, interessante experimentação audiovisual que conta uma mesma história com três possibilidades de narrativa, não tardando a naufragar na redundância. Mas o filme tem qualidades, como o frescor de sua linguagem e rapidíssimas histórias paralelas que são contadas na tela com meteóricas montagens de imagens congeladas. Já Kieslowski, para quem não sabe, é uma espécie de Nobel do cinema, um dos maiores celeiros de humanismo de toda a dramaturgia contemporânea. O diretor polonês morreu em 1996, aos 55 anos, e deixou uma obra que é um verdadeiro legado sobre a condição humana. Basta lembrar esse tesouro dramatúrgico que é o seu Decálogo, série de dez filmes inspirados nos 10 mandamentos. Kieslowski é também autor da trilogia homenageando as cores da bandeira francesa: A Liberdade É Azul, A Igualdade É Branca e A Fraternidade É Vermelha. O roteiro de Heaven seria a primeira parte de uma nova trilogia, da qual ainda fariam parte Purgatory e Hell. Estilos - A pergunta que não quer calar é a seguinte: como conciliar o estilo denso e profundo de Kieslowski com as gracinhas clípicas de Tom Tykwer? O cineasta polonês foi um artista que nos permitia freqüentar com muita calma a exuberância de suas imagens, irradiando a profusão de matizes e a complexidade da alma humana. E Tom Tykwer, com a sua urgência audiovisual, parece querer fazer cócegas nos olhos dos espectadores. Heaven pode ser uma nova obra-prima do cinema, combinando dois estilos tão antagônicos. Ou talvez não passe de mais um Frankenstein produzido pela fábrica de pesadelos hollywoodiana. Estrelado por Cate Blanchett, o filme é, segundo os organizadores do festival, um drama que mistura elementos do thriller com uma história de amor. Heaven acompanha os passos de uma professora de inglês que mora em Turim, na Itália, casada com um homem viciado em drogas. Ele morre de overdose e ela acaba perseguindo o traficante que vendeu a última remessa ao marido. O festival vai até o dia 17, quando serão anunciados os vencedores. A presidente do júri é a cineasta indiana Mira Nair (Kama Sutra) e traz ainda a presença da atriz italiana Nicoletta Braschi, mulher de Roberto Benigni. São ao todo 12 dias de uma maratona cinematográfica dividida em cinco mostras: competição, panorama (incluindo filmes brasileiros), Forum, Kinderfilm (com temática voltada para o público infanto-juvenil) e Perspektive Deutsches Kino (apenas com títulos alemães). Na competição, 23 longas e 9 hors-concours, além de 10 curtas. Na mostra Panorama, mais 20 longas e 20 curtas. No mercado de filmes, a exibição de mais 300 títulos.

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