"Rollerball" ganha nova versão nas telas

John McTiernan adapta velho êxito do cinema e traz Chris Klein, o garoto de American Pie, exibindo sua destreza, logo no início do filme, numa veloz corrida de skate pelas ladeiras de São Francisco

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Por Agencia Estado
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É o segundo filme sucessivo que John McTiernan adapta de velhos êxitos do cineasta Norman Jewison. Primeiro, foi Crown, o Magnífico, de 1968, com Steve McQueen e Faye Dunaway, que virou Thomas Crown - A Arte do Crime, com Pierce Brosnan e Rene Russo. E agora é Rollerball - Os Gladiadores do Futuro, de 1975, com James Caan. O remake chama-se de novo Rollerball, mas o diretor fez algumas modificações decisivas. Mudou a paisagem, transferindo a ação para as planícies da Ásia Central, no dilacerado império soviético. E encheu ainda mais de efeitos high tech a narrativa violenta do original. Você pode achar excessivo, mas Cahiers du Cinéma, a mais famosa revista de crítica do mundo, não deixa por menos. Além de considerar McTiernan um gigante, diz que a narrativa de Rollerball, desenrolada em blocos de ação, atinge uma densidade hipnótica próxima do abstracionismo experimental. Cahiers errou ou exagerou, vá lá que seja. McTiernan é indiscutivelmente talentoso. Realizou dois dos melhores filmes de ação dos anos 1980 (os melhores?), Predador e Duro de Matar, o primeiro da série. Continuou exibindo talento em Thomas Crown - A Arte do Crime. Por mais que o (ainda) 007 Pierce Brosnan não tenha o carisma de Steve McQueen, e o filme se ressente disso, a seqüência do roubo do quadro no museu é tanto mais brilhante porque foi improvisada pelo diretor no set, com todos aqueles figurantes vestidos como se tivessem saído de uma tela de Magritte. O problema é que, mais que um remake de Rollerball, McTiernan talvez tenha feito aqui a refilmagem de O Sobrevivente, aquela fantasia futurista de Paul Michael Glaser, de 1987, com Arnold Schwarzenegger como participante de uma disputa de vida ou morte transmitida ao vivo pela TV, em tempo integral. Logo no começo de Rollerball, Chris Klein, o garoto de American Pie, exibe sua destreza numa veloz corrida de skate pelas ladeiras de São Francisco. Cooptado por um amigo, ele vira gladiador moderno participando de disputas violentíssimas que são transmitidas pela TV, para uma audiência global, a partir da Ásia Central. O jogo é uma espécie de hóquei no qual vale tudo, moto, bastão e todo tipo de agressão física, para emburacar uma bola pesada que parece de ferro. Jean Reno faz o empresário que fatura com o espetáculo de brutalidade. E resolve faturar ainda mais ao descobrir que um pouco de sangue na arena e mortes ao vivo diante das câmeras aumentam o impacto sobre a audiência. Você pode imaginar que, a partir daí, a vida do herói fica por um fio. McTiernan não tem muitas ilusões sobre os EUA e seu cinema, no qual, diga-se de passagem, é figura um tanto ambivalente. Ao mesmo tempo que faz filmes de grande sucesso, ele encontra certas resistências na indústria para os seus projetos. Rollerball, por exemplo, teve seu lançamento negligenciado nos cinemas americanos. Não faturou o esperado e, claro, foi escanteado pelas majors. O reconhecimento, de crítica pelo menos, veio na França. McTiernan fez um filme bárbaro travestido de tecnologia de ponta. E transferiu a fúria guerreira da sociedade americana para um mundo pós-URSS, tiranizado pelo monopólio da informação. Seu herói termina liderando uma revolução, na qual mineiros explorados unem-se para derrubar a nova casta corrupta que se vale dos meios de comunicação para estender os tentáculos de seu poder. Americano tem essa necessidade de ser herói. O repouso do guerreiro (e do espectador) é fornecido por uma deusa que atende pelo nome de Rebecca Romjin-Stamos, que vem aí, loira e linda, como a ´femme fatale´ do novo thriller dirigido por Brian De Palma. Serviço - Rollerball (Rollerball). Ação. Direção de John McTiernam. EUA/2002. Duração: 97 minutos. 14 anos

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