Com sotaque e experiência para fazer tipos diferentes em produções gringas, Rodrigo Santoro crava que os atores latino-americanos saíram do estereótipo em Hollywood e agora podem optar por outros papéis. Ele reforça ainda que a “abertura” fez os artistas competirem por personagens com outros estrangeiros.
“O que está acontecendo em Hollywood é um reflexo do que se passa no mundo. Com a globalização, as fronteiras estão cada vez mais tênues”, disse em uma entrevista sobre o filme 300: A Ascensão do Império, sequência de 300 (2006), no qual também atuou. O ator de 38 anos contou que, agora, as oportunidades para os latinos “estão mais abertas” que há dez anos, quando ele chegou aos Estados Unidos e indústria cinematográfica “era mais estereotipada”.
Quando lia um roteiro, Santoro procurava mecanicamente por nomes como Juan, José e Raul para o identificar o papel que lhe estava sendo oferecido. Um dos atores brasileiros mais conhecidos no exterior atualmente, ele relembra o momento em que chegou às suas mãos o script de O que Esperar Quando Você Está Esperando? (2012). Ficou surpreso ao saber que a produtora havia aceitado um estrangeiro para o papel do protagonista, Alex, a princípio um norte-americano.
“Então, hoje é um estrangeiro, não um latino. Ao mesmo tempo, estou competindo com um sul-africano ou um australiano. Ou seja, ao mesmo tempo em que o leque se abriu, a competição também aumentou”, aponta o brasileiro, que ganhou certa visibilidade nos EUA em sua participação na terceira temporada da série Lost – que não foi exatamente bem-recebida pelos fãs.
A abertura da indústria do cinema aos estrangeiros não se limita aos atores, mas também aos técnicos, diretores e cinegrafistas. De acordo com Santoro, o feito significa “um momento muito interessante”. Sobre seu novo filme, o artista diz ter aceitado voltar a interpretar Xerxes porque foi atraído pela ideia de contar a origem do personagem, o passado antes de se tornar o rei persa, que no longa alcança status de semideus.
O ator revelou ter falado com Zack Snyder, produtor, roteirista e diretor do primeiro filme, para estudar a maneira pela qual Xerxes mostra “um pouco mais de vulnerabilidade e fragilidade”, para humanizá-lo. Santoro diz que refinou o personagem para que fosse “mais pleno e sólido” que na primeira parte de 300, ainda que apenas parte dessa humanização aconteça. Segundo o próprio, a mudança se deve à oposição de Xerxes com um novo personagem, uma guerreira chamada Artemisa, interpretada por Eva Green.
“Essa humanidade ajuda o espectador a entendê-lo um pouco mais e não julgá-lo somente como malvado. Acho que ninguém é uma coisa ou outra”, filosofa ele, indicado ao prêmio de melhor vilão no MTV Movie Awards, premiação da emissora musical com categorias cômicas, como troféu de melhor beijo.