Nos cartazes, os nomes em letras grandes são os de Robert Redford e de Brad Pitt. Mas Jogo de Espiões, mais que um veículo para os dois atores famosos, é um filme de Tony Scott, o diretor especialista em ritmo rápido. O filme raramente se demora mais de 20 segundos em algum personagem. Superficial, sim, mas eficiente, não há tempos mortos. Para se juntar a essa câmara que não pára, há um monte de flashbacks se alternando com a ação presente. Redford é Nathan Muir, um agente veterano da CIA, que está no dia da aposentadoria. Pitt é Tom Bishop, um jovem idealista que ele recrutou quando era um atirador de elite no Vietnã. Pitt está numa prisão chinesa tentando libertar uma mulher. O plano do resgate dá errado e Bishop tem 24 horas antes de ser executado. Nelas, Muir tem de traçar uma estratégia, mentir, blefar e desenvolver uma ação que salve a vida do outro agente. Parte da ação (e a maior parte do falatório) acontece numa sala de reuniões da CIA, onde Muir é interrogado pelos seus superiores. Enquanto ele fala sobre Bishop começam os flashbacks, mostrando o seu encontro no Vietnã, o recrutamento do jovem agente e como o usou em operações em Beirute, Berlim e Hong Kong. Bishop conhece Elizabeth (Catherine McCormack) no Líbano, onde ela era enfermeira. Lá, ele se apaixonam, mas o filme não tem tempo para perder com ternura e namoros. Brad Pitt não tem muito o que fazer (um aviso às fãs do moço: ele passa parte do filme com o rosto parecendo uma pintura abstrata feita de hematomas, devido à tortura dos chineses). Mas Robert Redford tem uma interpretação espantosa. Ele usa charme e estilo para compor um personagem que não tem muita consistência. Um filme tão preocupado com sua forma que esquece que o fundo pode funcionar para um espectador de mente apressada. Mas quem gosta de filmes de espionagem pelos jogos de espiões vai achar pouco.