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Retrospectiva do cinema nacional a R$ 1

O CineSesc começa hoje a retrospectiva do cinema brasileiro 2002-2003, com ingressos a R$ 2 e R$ 1 para uma lista de 27 filmes, entre eles, Lisbela e o Prisioneiro

Por Agencia Estado
Atualização:

Ocorre este ano algo inédito desde a retomada da produção, no começo dos anos 1990. O cinema brasileiro está conseguindo ocupar 24% do próprio mercado. É verdade que o número superlativo está sendo conseguido graças à participação da Globo Filmes. A empresa não investe dinheiro próprio na produção. Busca no mercado, por meio das leis de patrocínio, como qualquer produto ou diretor brasileiro, mas depois garante exposição aos seus produtos, por meio da mídia televisiva, o que as demais produções quase não têm. A questão da visibilidade é fundamental. Você pode assistir agora, no CineSesc, à retrospectiva do cinema brasileiro 2002-2003. Pelo quarto ano consecutivo, o CineSesc faz o retrospecto dos filmes nacionais lançados em São Paulo no período compreendido entre novembro do ano passado e outubro deste ano. São 27 títulos, possibilitando que o público veja (ou reveja), pagando apenas R$ 2 e R$ 1, desde os grandes sucessos de bilheteria do ano - Carandiru, Lisbela e o Prisioneiro e Deus É Brasileiro -, até obras de um perfil mais experimental, como Amarelo Manga, e documentários como Edifício Master e Ônibus 174. Acima de tudo, o espectador poderá conferir a diversidade que faz a riqueza do cinema brasileiro atual. Mas o filme brasileiro ainda enfrenta problemas para chegar ao mercado. Dois dos filmes nacionais mais interessantes do ano, ainda estrearam, embora um deles, Os Narradores de Javé, de Eliane Caffé, tenha vencido o Festival do Recife, em abril, e o outro, De Passagem, de Ricardo Elias, também tenha sido o vencedor do Festival de Gramado, em agosto. Se a participação do produto brasileiro fosse para valer no mercado, esses filmes com certeza já teriam estreado, até por pressão do próprio público, que deveria estar afoito para ver títulos sobre os quais ouve falar, há tantos meses. Há muitos bons filmes na série de 27 anunciada pelo CineSesc. Os melhores talvez sejam o documentário de Eduardo Coutinho, Edifício Master - e não se pode esquecer que o cineasta está indicado para o Prêmio Multicultural Estadão 2003 -, e Madame Satã, de Karim Aïnouz, na categoria ficção. Lisbela, de Guel Arraes, é encantador na sua riqueza de linguagem. Há ainda Carandiru, de Hector Babenco, o recordista de público do ano; Seja o Que Deus Quiser, de Murilo Salles; O Homem Que Copiava, de Jorge Furtado (inferior a Houve Uma Vez Dois Verões). Entre os demais documentários, Nelson Freire, de João Moreira Salles, virou uma unanimidade, mas não é o grande filme saudado por tantos tietes; e Ônibus 174, de José Padilha, é explosivo, o que não dizer que sua visão da tragédia brasileira também não seja discutível.

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