Produtor acusa complô em embate com o MinC

Renato Bulcão, que teve a prestação de contas de 13 projetos recusada, diz que seu "crime" foi apenas ter afrontado o status quo da produção nacional

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Por Agencia Estado
Atualização:

O produtor e cineasta Renato Bulcão, que teve 13 prestações de contas de filmes recusadas pelo Ministério da Cultura (Minc), afirmou hoje, em São Paulo, que seu "crime" foi ter afrontado o status quo da produção de cinema no Brasil. As pendências de Bulcão com o Minc são de R$ 5.460.441,61. "Eu produzi quase todos os novos cineastas da retomada do cinema nacional e isso acabou causando ciúmes em algumas pessoas", afirmou Bulcão. Ele citou nominalmente o produtor Luiz Carlos Barreto - repetindo o caso de Guilherme Fontes, produtor de Chatô, que também acusava Barreto - e afirmou que gostaria de ter a oportunidade de mostrar que seu comportamento tem sido correto na produção de filmes. Bulcão foi um dos 36 integrantes da Comissão de Cinema do Ministério da Cultura e é professor do Departamento de Cinema e Rádio e Televisão da ECA-USP. Sua empresa, a Casa de Produções e Filmes e Vídeo Ltda., produziu dois grandes sucessos recentes das telas: Os Matadores, de Beto Brant, e Céu de Estrelas, de Tata Amaral. A situação de Bulcão é complicada. Todos os seus 13 projetos tiveram a prestação recusada com o seguinte apontamento: "Não apresentou o produto final, objeto do projeto." Dois filmes, Glorinha Leme e Glorinha Leme - Telescópio Bubble 3.EP, tiveram captação superior a R$ 1 milhão. Ele conseguiu captar o valor integral de alguns projetos, como Constituição do Estado Forte (R$ 251.850,00), e captou mais do que o autorizado pela Lei do Audiovisual para outros, como Pepe Bola (R$ 988.530,00). Outra produtora, a ADL Assessoria e Consultoria Ltda., ocupa a segunda posição em prestações recusadas no Minc, com quatro projetos na "gaveta". Captou integralmente para o documentário Cidade Cidadão - São Paulo (R$ 232.036,00), mas não produziu nada. O dinheiro para a realização de filmes é obtido por meio de renúncia fiscal, a partir da Lei do Audiovisual. Com aval do Ministério da Cultura, a produtora é habilitada para procurar empresas no mercado e captar dinheiro. O patrocinador tem o direito de deduzir 100% do total investido no Imposto de Renda. Bulcão captou verbas por meio da Lei do Audiovisual para produzir um pacote de filmes. Cinco seriam de ficção, em que ele procurou diretores estreantes. Além disso, produziria 14 documentários, um longa-metragem e três curtas-metragens de desenho animado. "O problema dele é que as 13 contas estão no Tribunal de Contas da União, ele teve todos os prazos e não entregou os produtos prometidos no seu projeto", disse José Álvaro Moisés, Secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura. Moisés adverte, no entanto, que casos como os de Guilherme Fontes, Norma Benguel (ambos no Tribunal de Contas da União) e Renato Bulcão não devem ser encarados como regra geral no Ministério da Cultura. Segundo ele, o ministério avaliou as contas de 356 projetos entre 1995 e 2001. Só 20 foram recusadas.

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