Prévia do Oscar 2022: Cinco grandes perguntas antes da premiação

Cerimônia de Hollywood sempre adorou histórias sobre grandes retornos

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Por Jake Coyle
Atualização:

O Oscar sempre adorou histórias sobre grandes retornos. E, este ano, o Oscar está tentando protagonizar uma história destas.

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No domingo, 27, o Oscar tentará se recuperar da cerimônia de 2021, que foi atormentada por restrições pandêmicas, um final anticlimático e um recorde negativo de audiência. A 94.a edição do Oscar retornará à sua casa habitual, o Dolby Theatre de Los Angeles, e será transmitida ao vivo pela ABC a partir das 20h no horário da costa leste. Aqui no Brasil, a TNT, o Globoplay e o E! serão os canais com transmissão da festa do cinema. 

Quanto da crise do Oscar deve ser atribuída à covid-19? Quanto é o novo normal? Estas são apenas algumas das perguntas que pairam sobre um Oscar que parece uma encruzilhada para uma das instituições de cultura pop mais duradouras da América e ainda o espetáculo anual mais assistido, sem contar o Super Bowl.

Estátua que ésímbolo do Oscar, premiação mais festejada do cinema Foto: Mike Blake/ Reuters

Será que a cerimônia produzida por Will Packer vai conseguir driblar a pandemia, reverter anos de audiência em declínio para cerimônias de premiação na TV e criar um evento de grande porte para um cenário cinematográfico em rápida evolução? Na interminável preparação para o Oscar, muitas pessoas na indústria estão céticas. O que nos leva à primeira das cinco perguntas.

Será que a mais recente atualização do Oscar vai funcionar?

O maior drama do domingo vai girar em torno de uma transmissão que foi substancialmente reformulada para conter a queda de audiência. Para compensar vários anos sem anfitrião, desta vez serão três: Amy Schumer, Regina Hall e Wanda Sykes. Será que a combinação de seus poderes estelares vai conseguir mudar alguma coisa?

Diante da pressão da ABC, a Academia também vai apresentar oito categorias - design de produção, edição, som, trilha sonora, maquiagem, além dos três prêmios para curta-metragem - antes do início da transmissão ao vivo. Clipes de suas vitórias e discursos serão editados e transmitidos durante a cerimônia. Mas críticos de toda a indústria fizeram fila para reprovar a mudança. Na segunda-feira, o maior sindicato que representa os trabalhadores de bastidores, o Iatse, caracterizou a decisão como algo prejudicial ao “propósito fundamental” do Oscar.

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A cantora e compositora Beyoncé Foto: Carlo Allegri/ Reuters

Então, o que Packer fará com o tempo extra? Beyoncé e Billie Eilish vão apresentar suas músicas indicadas. Também foi anunciado um grupo eclético de apresentadores, com alguns nomes inesperados como DJ Khaled, Tony Hawk, Sean “Diddy” Combs e Shaun White - e este pode, finalmente, ser o ano em que Judi Dench vai aprender a fazer um “McTwist”.

Será que uma plataforma de streaming vai levar para casa o Oscar de melhor filme?

Os dois favoritos vêm de serviços de streaming, que jamais ganharam o prêmio de melhor filme. O principal indicado, Ataque dos Cães, de Jane Campion, com 12 indicações, vinha sendo considerado o maior favorito e possivelmente a melhor chance de a Netflix ganhar o principal prêmio de Hollywood. Mas, depois de vitórias consecutivas no Screen Actors Guild e no Producers Guild, o drama sobre uma família de surdos No Ritmo do Coração (Coda), de Sian Heder, pode levar a melhor. A riquíssima patrocinadora do filme, a Apple TV+, gastou muito para empurrar um indie azarão para o começo da fila. Se Coda vencer, será a primeira vez desde Grand Hotel, de 1932, que um filme com menos de quatro indicações (Coda tem três) leva o Oscar de melhor filme.

Mas algumas previsões se provaram muito erradas este ano, então outros indicados como Belfast, de Kenneth Branagh, ainda podem causar uma reviravolta.

A covid vai atrapalhar muito a festa?

O Oscar do ano passado se limitou a uma cerimônia intimista com um pequeno número de participantes e muito distanciamento social. Este ano estão planejados tapete vermelho e um show de palco completo, ainda que com alguns protocolos de covid-19.

Quem vai ficar na plateia será obrigado a apresentar dois testes negativos e comprovante de vacinação.

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Quem vai apresentar prêmios ou fazer números musicais não precisa estar vacinado, mas precisa de testes negativos recentes. As máscaras também serão obrigatórias para alguns setores e para a imprensa no tapete vermelho.

Depois que vários espectadores contraíram o vírus na plateia do Bafta em 13 de março em Londres, vários indicados estão em quarentena, entre eles Branagh e a estrela de Belfast, Ciaran Hinds. Com as taxas de infecção e hospitalização em queda, o condado de Los Angeles deve suspender muitas restrições de vírus para eventos internos em 1º de abril, cinco dias após o Oscar.

Será que Will Smith vai ganhar seu primeiro Oscar?

Indicado duas vezes a melhor ator (por Ali e À Procura da Felicidade), Will Smith parece marcado para ganhar seu primeiro Oscar. A atuação de Smith como Richard Williams, pai de Vênus e Serena, em King Richard, continua sendo a escolha mais provável ao longo da temporada. E o discurso da exuberante estrela de 53 anos deve ser um dos mais animados da noite.

Will Smith protagoniza o filme 'King Richard: Criando Campeãs' Foto: Warner Bros.

A vitória, no entanto, só virá depois de uma competição formidável - até mesmo com o ator que superou sua performance de Ali vinte anos atrás: Denzel Washington, que na época venceu com Dia de Treinamento e agora ameaça com A Tragédia de Macbeth.

Quem deve fazer história?

Muitos dos principais prêmios podem trazer alguns marcos importantes. Ari Wegner, diretora de fotografia de Ataque dos Cães, pode se tornar a primeira mulher a ganhar na categoria. Sua diretora, Jane Campion, também está pronta para fazer história.

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Campion, a primeira mulher indicada duas vezes a melhor direção, deve se tornar apenas a terceira mulher a vencer a categoria. Seria a primeira vez que o prêmio de direção iria para mulheres em anos consecutivos, depois que Chloé Zhao ganhou no ano passado com Nomadland.

Troy Kotsur de Coda está na fila para ser o primeiro ator surdo a ganhar um Oscar. Sua vitória, amplamente esperada, faria dele e de sua co-estrela, Marlee Matlin, os únicos atores surdos a ganhar o Oscar. E a categoria atriz coadjuvante, que Ariana DeBose aparentemente vai levar com seu papel em Amor, Sublime Amor (West Side Story), de Steven Spielberg, pode ver a primeira vitória de uma atriz afro-latina e abertamente LGBTQ.

A vitória de DeBose viria 60 anos depois que Rita Moreno ganhou pelo mesmo papel, Anita, no original de 1961. Seria a terceira vez que dois atores ganhariam por interpretar o mesmo papel, seguindo Heath Ledger e Joaquin Phoenix como o Coringa, e Marlon Brando e Robert DeNiro como Vito Corleone. Mas teremos de esperar para ver se Rachel Zegler, que também estrela West Side Story, estará lá para torcer por de DeBose. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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