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Prêmio Platino chega à 3ª edição sem participante brasileiro

O longa colombiano ‘Abraço da Serpente’ e o guatemalteco ‘Ixcanul’ lideram o número de indicações – oito cada um

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

PUNTA DEL ESTE - Hoje à noite, no badalado balneário uruguaio de Punta del Este, serão conhecidos os vencedores da 3ª edição do Prêmio Platino, que pretende ser uma espécie de “Oscar” do cinema ibero-americano. Pela primeira vez, em suas três edições, não há nenhuma indicação de filme, intérprete ou técnico brasileiro entre os finalistas.

Nem sempre foi assim. No ano passado, em cerimônia realizada na cidade espanhola de Marbella, na costa andaluza, a animação O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, ficou com o troféu de sua categoria. Na cerimônia da primeira edição do prêmio, realizada em Cidade do Panamá, a atriz Sonia Braga, contemplada com um troféu de honra, foi a estrela da noite. Este ano, para esse destaque foi escolhido o ator argentino Ricardo Darín, tão famoso que já encarna uma espécie de gênero cinematográfico em seu país (e em outros): o “Darín movie”. O Canal Brasil transmite a cerimônia de entrega dos prêmios.

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Um simples olhar sobre esses indicados principais mostra a boa fase que atravessa o cinema ibero-americano, pelo menos em termos de qualidade estética (a ocupação de mercado é outra questão). Entre cinco concorrentes a melhor filme, não há nenhum que faça feio. Pelo contrário. Truman, de Cesc Gay, o mais popular, mas bastante digno, reúne uma dupla da pesada de atores – Darín e Javier Cámara (o enfermeiro de Fale com Ela, de Pedro Almodóvar). O Abraço da Serpente, do colombiano Ciro Guerra, concorreu ao Oscar e é um precioso estudo sobre a colonização da América e seus efeitos sobre os habitantes originais. Entre O Clube, do chileno Pablo Larraín, e O Clã, do argentino Pablo Trapero, é até difícil de escolher, tão bons são os dois. E Ixcanul, do guatemalteco Jairo Bustamente, esteve no Festival de Berlim e é uma das grandes revelações do ano passado.

Já entre os documentários, impossível não apontar o favoritismo de Botão de Pérola, do chileno Patricio Guzmán. Embora tenha concorrentes fortes (como o também chileno Meu Avô Allende), é muito superior, com sua soma de poesia cósmica e imersão na cruel história recente daquele país. Guzmán tira poesia e lucidez da dor e da barbárie.