‘Precisamos de representatividade’, diz Bruna Marquezine, 1ª protagonista brasileira da DC Comics

Em entrevista exclusiva ao 'Estadão', a atriz conta bastidores dos testes e fala sobre ansiedade que viveu até ser aprovada pelos diretores do longa

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Por Camila Tuchlinski
Atualização:

Frio na barriga, respiração ofegante, um mix de emoções. Todos esses sentimentos que caracterizam a ansiedade quando a gente faz uma entrevista de emprego, por exemplo, foram vividos por Bruna Marquezine após passar pelos testes e aguardar o retorno dos produtores da DC Comics em janeiro. “Tenho a tendência de me boicotar, ser perfeccionista no meu trabalho. Sempre acho que tenho algo para melhorar”, afirma a atriz, em entrevista exclusiva ao Estadão. Ela participou do teste para integrar o elenco de Besouro Azul, o primeiro longa do estúdio com personagens latinos, previsto para 2023.

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Nos bastidores em Los Angeles, Bruna se comparava com outras mulheres que liam os roteiros antes de entrar em cena. “Eu olhava para outras meninas para ver se elas estavam estudando os mesmos textos que o meu e pensava: ‘nossa, aquela ali é tão linda, será que está fazendo o mesmo texto?’. A comparação é inevitável e todas as inseguranças passam pela nossa cabeça”.

Para driblar a ansiedade, atriz e agente decidiram ir à Nova York. “Tinha um dia livre, peguei um voo e fiquei lá alguns dias, o que foi bom porque me distraiu. Foi muita ansiedade. Você não sai com nenhum feedback detalhado do teste. Dizem que foi excelente e só”, conta.

Bruna Marquezine disse que, depois de receber a confirmação de que seria a protagonista do filme, uma das primeiras pessoas a saber foi o garçom do bar em que estava. “Eu falei pra ele: ‘vou te contar uma coisa que ninguém sabe: eu vou fazer um filme da DC!’. Acho que ele pensou que eu estava maluca (risos). Foi muita felicidade”, lembra. 

A atriz Bruna Marquezine será a primeira protagonista brasileira em um filme da DC Comics, em 'Besouro Azul'. Foto: Mariana Maltoni

Na quarta-feira, 9, a atriz usou as redes sociais para compartilhar o momento em que recebeu o convite do diretor Ángel Manuel Soto.

“Isso sempre pareceu ser algo tão distante, principalmente pra uma menina que nasceu em Duque de Caxias”, escreveu.

Na entrevista ao Estadão, a atriz revela que, antes de fazer o post no Instagram, escreveu um texto quase que terapêutico sobre a jornada profissional dela. “Eu escrevi assim: ‘Decidi muito cedo que jamais pausaria minha carreira no meu País, mas senti que atuaria e trabalharia fora. Não queria que achassem que eu pensava com soberba’. E eu tinha uma certa vergonha de falar em voz alta isso ou que achassem que meu interesse estava voltado para a fama. Não era isso. Simplesmente, às vezes, a gente tem certezas mas, se você tentar explicar pra alguém, vão te achar maluca”, confessa.

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Antes de Besouro Azul, Bruna Marquezine participou de testes para outra superprodução e ficou no top 2 para interpretar Supergirl no filme The Flash. Por enquanto, a artista não tem planos de morar definitivamente nos Estados Unidos, mas já está se preparando para as filmagens em Atlanta e Porto Rico. Há anos ela é acompanhada por duas profissionais que a ajudam em atuação e sotaque. “Faço inglês com professores nativos para ser o mais ‘limpo’ possível e que não fosse uma questão na hora de fazer um teste lá fora”, explica.

Sobre o fato de Besouro Azul ser a primeira superprodução da DC Comics com personagens latinos, a atriz espera que seja um caminho sem volta. “Que cada vez mais a gente veja todo tipo de pessoa ocupando esses espaços. O irmão de uma amiga disse: ‘queria tanto que tivesse um super herói latino, acho que ia me representar mais’. Isso mexeu tanto comigo, sabe? Precisamos falar sobre representatividade. Para mim, é muito importante ser a primeira protagonista brasileira. Isso me emociona muito e sou muito grata”, declara.

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