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Polêmica liga novo filme de Travolta à cientologia

Por Agencia Estado
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Simples filme de ficção científica ou entidade de doutrinamento? A Reconquista, que chegou recentemente aos cinemas americanos, está profundamente imerso numa grande controvérsia por causa de seus vínculos indiretos com a igreja da cientologia. Sobre toda a discussão, a produção dos estúdios Warner Bros. diz ser a produção uma saga de ficção quase anódina. No ano 3000, uma sinistra raça de seres gigantes chegados de outro planeta, os ´Psychlos´, colonizam a Terra e reduzem a especie humana à escravidão. Com os cabelos trançados, tubos no nariz e eletrôdos nas tempôras, Terl (John Travolta) é o cruel e implacável chefe de segurança dos aliens. A frente da rebelião contra os Psychlos, um jovem caçador de uma tribo humana refugiada nas montanhas Rochosas, Johnny Goodboy Tyler, trata de salvar a humanidade do extermínio. A história teria passado despercibida se não fosse adaptada do romance publicado em 1982 pelo fundador da igreja da cientologia, Ron Hubbard, e se seu protagonista, John Travolta, não fosse um devoto cientólogo. Na home page oficial do filme na internet, um retrato elegíaco describe Hubbard como um autor de ficção científica, "escritor, artista, explorador e filósofo", uma espécie de Indiana Jones moderno. Em nenhum momento se menciona a igreja da cientologia, fundada em 1954 e que diz ter oito milhões de adeptos no mundo. A cientologia pretende - graças ao método da Dianética - ensinar ao home a curar-se de suas perturbações liberando seu espírito submetido. Na internet o filme tem muitos artigos, sobretudo críticos. FACTNet, que se apresenta como um cyber grupo anti-seitas, afirma que o filme "contería imagens subliminares" e que é um meio para recrutar adeptos. "Essas acusações são ridículas. O filme não tem nada a ver com a cientologia", declarou Mike Rinder, um assessor da igreja estabelecida em Los Angeles. "Isso é só propaganda absurda", opinou o diretor Roger Christian. "Se um produtor judeu contrata um roteirista judeu e uma cineasta judia, quer dizer que vamos a receber mensagens secretas que vão nos converter para o judaísmo?", perguntou ele na revista Entairtainment Weekly. A Reconquista, resume a revista, converteu-se no "filme mais polêmica do verão". "John Travolta é o encarregado de relações públicas de honra da igreja de cientologia", comentou o sociólogo Stephen Kent, expert em novas religiões da Universidade de Alberta, em Edmonton (Canadá). A religião "não é realmente un fator", se defiende o ator. "No prefácio do livro, Ron Hubbard diz claramente que não se trata de filosofia, mas sim de pura diversião de ficção científica", declarou recentemente à rede de televisão CNN. "A verdade é que aceitei o papel porque é uma grande obra de ficção científica. Interesso-me muito pela cientologia, mas isso é pessoal?, acrescentou Travolta numa entrevista com a revista Space.com. Os críticos de cinema destetaram o filme no geral, principalmente sua estética rimbombante e a inverossimilhança do seu roteiro, que em meia hora, por exemplo, faz os pobres humanos passarem da idade das pedras para pilotarem aviões decolagem vertical. "Não vale a pena perder tempo com a controvérsia sobre a cientologia", escreveu um crítico do jornal Washington Post. "É um filme ruim. Ponto final".

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