PUBLICIDADE

Polanski depõe contra a "Vanity Fair"

"É a pior coisa que já escreveram sobre mim", disse o cineasta sobre artigo que afirma que ele seduziu uma jovem no funeral Sharon Tate

Por Agencia Estado
Atualização:

Um advogado da revista Vanity Fair disse hoje ao tribunal que o cineasta Roman Polanski vive em um mundo de fantasia, e que é incapaz de dizer a verdade "quando é realmente importante". O célebre diretor de cinema processou a editora Conde Nast, que publica a Vanity Fair, por causa de um artigo de 2002 que afirmava que Polanski havia seduzido uma mulher enquanto ia para o funeral de sua mulher, a atriz Sharon Tate, assassinada em 1969. A publicação americana, com alcance internacional, publicou em julho de 2002 que o diretor tinha tentado conquistar uma "beleza sueca" em um restaurante nova-iorquino, quando estava a caminho do funeral de sua mulher assassinada. Segundo a revista, o diretor teria dito: "Farei de você outra Sharon Tate". "É a pior coisa que já escreveram sobre mim. Não tem nada de verdade. É mais doloroso, porque mancha a lembrança de Sharon", disse Polanski, que depôs, ontem à uma corte britânica, via satélite, da França. Aos 71 anos, o diretor de filmes como O Bebê de Rosemary, Chinatown e O Pianista deu seu testemunho via satélite para evitar uma possível extradição para os Estados Unidos ao pisar em solo britânico. Polanski declarou-se culpado em 1977, nos Estados Unidos, de manter relações sexuais com uma jovem de 13 anos, mas fugiu para a França, de onde não pode ser extraditado por ser cidadão francês. A atriz Sharon Tate foi morta em agosto de 1969, em um dos crimes mais violentos de Hollywood. A atriz - grávida de oito meses e meio - e quatro amigos, foram assassinados em um crime cometido pela "família Manson". No entanto, o depoimento via satélite, inicialmente rejeitado em tribunais, abre um precedente legal muito criticado, já que permite a Polanski fazer uso da Justiça britânica sem aceitar suas conseqüências. Tanto o advogado de Polanski em Londres como o próprio diretor insistiram que os dois casos são independentes. Segundo eles, as acusações contra a Vanity Fair não têm nada a ver com sua culpa em um caso que ainda não teve sentença final, já que Polanski fugiu. "Ainda me resta a honra", acrescentou o diretor, em um julgamento que tem previsão para durar cinco dias. O diretor e a Vanity Fair admitiram que Polanski não esteve no restaurante mencionado a caminho do funeral de Sharon. No entanto, a publicação insiste na "vigorosa defesa" de seu artigo, inclusive quando em fevereiro deste ano a justiça britânica admitiu o testemunho via satélite de Polanski. O cineasta insistiu que a referência a Sharon, em um artigo que faz uma apuração dos capítulos mais terríveis de sua vida, é uma "abominável mentira" da revista. "Não sou capaz de utilizar seu nome nem agora", acrescentou o diretor, ao se referir a Sharon, a quem descreveu como a mulher perfeita, apesar de admitir sua fama de sedutor antes e, inclusive, durante o casamento com a atriz. A atriz Mia Farrow vai depôr hoje a favor do cineasta.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.