"Perto demais" investiga amor e sexo

Os próprios atores dizem que o filme de Mike Nichols desnuda as relações contemporâneas, com diálogos inteligentes e personagens densos

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Por Agencia Estado
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Perto Demais estréia hoje em salas de todo o Brasil. Tem classe. É um programa para o público adulto, capaz de apreciar diálogos inteligentes e personagens densos, mesmo quando parecem incoerentes em cena, o que, aliás, ocorre com freqüência. O filme baseia-se na segunda peça do dramaturgo inglês Patrick Marber, peça vencedora do Laurence Olivier/BBC Award, o principal prêmio do teatro inglês e que, aqui no Brasil, foi dirigida pelo cineasta Hector Babenco, no teatro. Em entrevista ao Estadão.com.br, Marber deixou claro que Perto demais não é um texto autobiográfico, embora possua situações e diálogos que ocorreram com ele e seus amigos. Nichols retribui que o material era de primeira e dá sua definição de Perto demais - é um filme sobre as complexas relações entre homens e mulheres, sobre o comportamento humano sob pressão. "Você já reparou como, no amor, a gente se lembra do começo e do fim das relações, raramente da fase intermediária?" Para o diretor, a questão essencial de Perto Demais é - "Como e por que nos lembramos só de certas coisas e o que a vida, realmente, significa para nós?" Quando foram entrevistados pelo repórter do Estadão.com.br, em outubro, Clive Owen e Natalie Portman não poderiam imaginar que iam receber os Globos de Ouro para os melhores coadjuvantes de drama de 2004, por seus papéis em Perto demais. Há, agora, a expectativa de que sejam indicados para o Oscar, cujo anúncio será feito na próxima semana. De uma coisa, Owen e Natalie estavam certos - Perto demais (Closer) poderá ser um divisor de águas na carreira dos dois. Owen é o ator favorito de Mike Hodges, em seus pequenos (grandes) filmes de gângsteres. Há dois anos, chegou a ser cotado para substituir Pierce Brosnan na pele de 007. Owen acaba de fazer o papel do rei Arthur no épico produzido por Jerry Bruckheimer - que não foi exatamente um sucesso, pelo menos nos EUA. O ator interpretou Dan na montagem londrina de Perto demais. Embora Patrick Marber diga que não existe um protagonista e que os quatro personagens de Perto Demais são igualmente importantes, Dan é decisivo por ser o catalisador da ação. É por meio dele que o público descobre as demais figuras. Seria fácil para Clive Owen repetir sua performance como Dan, mas ao saber que Nichols o queria no elenco, ele pediu ao diretor para fazer o outro personagem masculino, Larry. "Adorei fazer o Dan, principalmente naquele momento de minha vida e carreira (em 1997). Mas fazer o personagem agora seria como repetir uma velha história. Pelo contrário, a interpretação como Larry foi algo novo e vital. Tive de me adaptar e encarar o texto de outra perspectiva." Owen diz que Perto Demais é sobre seres humanos. "Trata da maneira como as pessoas se comportam hoje e isso é excitante para qualquer ator. Os diálogos são fantásticos e o desafio é encarar a natureza de Larry - esse homem foi ferido em seus sentimentos e não quer ser ferido de novo, não importa o que tenha de fazer. Larry vira um trator, sem perder a vulnerabilidade." Este será o ano de Natalie Portman. Em maio, estréia Star Wars Episódio 3, no qual ela repete a princesa dos dois primeiros filmes da trilogia de George Lucas. "Alice marca um novo tipo de papel para mim. Ela é fascinante porque, quando chega a Londres, está completamente sozinha e cria uma persona para sobreviver. E, embora minta, é a mais honesta e direta dos quatro personagens." Alice também é a estréia de Natalie em papéis adultos, inclusive com maior carga erótica. Ela precisou aprender a dançar strip-tease. Diz que adquiriu um novo respeito por essas profissionais. "Rodopiar naquela barra é uma mistura de erotismo e acrobacia. E os sentimentos são difíceis de controlar, com todas aquelas pessoas de olho no seu sexo." Julia Roberts não participou das entrevistas no Four Seasons porque estava nos últimos dias da gravidez. O curioso é que ela não era a primeira escolha de Nichols para o papel de Anna. O diretor queria Cate Blanchett, que não pôde aceitar porque ficou grávida. Jude Law, pelo contrário, sempre foi o escolhido de Nichols para o papel de Dan. Ele diz que trabalhar com o diretor de A Primeira Noite de Um Homem foi uma das suas melhores experiências no cinema. "Mike decidiu que devíamos nos preparar com antecedência e, assim ficamos semanas só treinando os diálogos." Era ótimo estar ali, ouvindo as histórias do diretor. "É o método dele. Mike dirige sem dar a impressão de que quer impor sua visão." Para Jude Law, Dan e Larry são as duas caras da mesma moeda. "Um é a nêmesis do outro. Quando disputam a mulher, é menos por amor do que pelo desejo de f... com o oponente." O homem mais sexy do mundo segundo a revista People não considera irônico o fato de sempre perder a mocinha? "Não encaro as coisas desse jeito e nem acho que seja assim. Cada personagem é diferente e o meu trabalho como ator é servir a cada um deles." Você ouve e acredita no que Nichols diz - ao longo de 40 anos dirigindo astros e estrelas, ele nunca viu um como Law. "Jude não tem ego. Vive em função do personagem." Jude Law sorri daquele jeito dele. Você percebe que deve ser um Errol Flynn perfeito no filme de Martin Scorsese sobre Howard Hughes, O Aviador.

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