PUBLICIDADE

"Pequenos Grandes Astros" pede uma segunda chance

O filme conta uma história que mistura magia, o desejo de crianças órfãs de serem adotadas e o americaníssimo tema da segunda chance que redime os personagens no final

Por Agencia Estado
Atualização:

São filmes diversos, mas que têm tudo a ver. Chegadas e Partidas poderá ganhar indicações para o próximo Oscar. Dificilmente, a Academia de Hollywood se lembrará de Pequenos Grandes Astros, outra estréia de amanhã nos cinemas da cidade. O filme de John Schultz é tão açucarado quanto o de Lasse Hallstrom e talvez seja mais honesto. Pelo menos tem consciência dos próprios limites e não tenta posar como cinema de qualidade. O tema de ambos é a trajetória de indivíduos machucados pela vida e que conseguem vencer seus medos interiores. E ambos tratam da família, como elo de união e identidade entre os homens. A família de Pequenos Grandes Astros é formada por excluídos. Logo no começo, um menino negro, interpretado por Lil Bow Wow, a sensação do hip hop, joga basquete. Em seguida, quem está tentando encestar é uma garota oriental e, por fim, um loirinho de óculos e desdentado que ocorre ser Jonathan Lipnicki, que faz o irmão do camundongo Stuart Little. Os três vivem num orfanato. Adoram basquete, mas o que mais sonham na vida é com a adoção. Querem encontrar pais legais que os adotem. O menino negro que é o protagonista da história ganha um dia um par de tênis, no qual encontra inscritas as iniciais M.J. Só pode ser de Michael Jordan, ele pensa e toda a platéia o acompanha no raciocínio. Ao cabo de uma série de peripécias, Calvin - é seu nome - fica convencido de que o tênis é mágico e lhe confere habilidades especiais na quadra. Schultz faz o que não deixa de ser As Regras da Vida no esporte. Calvin liga-se a Tracey Reynolds, astro dos Knights, e ambos empurram o time para a vitória. Mas Tracey, interpretado por Morris Chestnut, é um homem em crise - incapaz de resolver seus problemas com o pai e de se assumir, ele próprio, como pai do garoto, que deseja isso mais do que qualquer outra coisa na vida. A situação evolui para o jogo decisivo, com a divisão do mundo em heróis e vilões. Claro que ocorre alguma coisa com os tênis mágicos de Calvin e Tracey tem de convencê-lo da própria capacidade. Se você tem dúvida de que tudo vai acabar bem é porque não entende nada de Hollywood. Pequenos Grandes Astros é um filme sobre a segunda chance, esse tema tão americano que anima quase toda a produção de Hollywood. Como Lasse Hallstrom, o diretor Schultz põe açúcar demais na sua história e, ainda por cima, não tem o superelenco que a empresa Miramax colocou à disposição do diretor sueco. Acredite: há mais empatia entre os atores de Pequenos Grandes Astros do que em muitos filmes mais ambiciosos. Não é nenhuma obra de arte, mas você se arrisca até a gostar.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.