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"Pearl Harbor" quer ser o novo "Titanic"

Superprodução com Ben Affleck e Cuba Gooding Jr. tem o maior orçamento autorizado da história do cinema, US$ 140 milhões, e promete ser o principal arrasa-quarteirão da temporada

Por Agencia Estado
Atualização:

Faltam poucos dias para a estréia do que deve ser o maior blockbuster do verão americano: Pearl Harbor, a produção de US$ 140 milhões dirigida por Michael Bay e estrelada por Ben Affleck, Cuba Gooding Jr. e Kate Beckinsale. Contando com muitos efeitos especiais e cenas grandiosas, o filme está gerando polêmica por conta de sua falta de precisão histórica. Mas os produtores da fita não se importam: a idéia é vender a história mais como um novo Titanic do que um novo O Resgate do Soldado Ryan. O desenvolvimento do projeto de Pearl Harbor é curioso. No início das filmagens, Bay fez uma cerimônia na praia do Havaí que foi bombardeada pelos japoneses em 1941, com a presença de veteranos da 2ª Guerra Mundial. O clima era de total compromisso com os detalhes históricos - uma estratégia usada para conquistar a simpatia de entidades que poderiam fazer favores, emprestar locações, etc. "Fizemos toneladas de pesquisas, o filme vai ser absolutamente preciso", disse, na época, o produtor do filme, Jerry Bruckheimer. Logo depois, um grupo de veteranos fez um protesto contra o uso de um navio americano como o porta-aviões que levou os bombardeiros ao local. De acordo com eles, colocar a bandeira japonesa no USS Lexington (hoje transformado em um museu, no Texas) seria "um desrespeito às pessoas que morreram no evento". A Disney abafou o assunto e continuou a produção. Com a produção mais adiantada, a precisão histórica foi ficando para trás. Os produtores entraram em contato com a Legião Americana para pedir autorização para o uso da capa da revista oficial da entidade, mas nunca mais continuaram a negociação. Eles também consultaram um ex-presidente da Associação dos Sobreviventes de Pearl Harbor, mas esqueceram de convidá-lo para o evento de estréia, uma festa de US$ 5 milhões no Havaí. A mudança de planos fica clara na história: o horário do ataque (que aconteceu antes das 8 horas da manhã) foi simplesmente mudado porque o diretor achou que ficaria melhor para a história (no filme, há cenas de piqueniques, gente da praia e tudo mais, o que dá a entender que não foi tão cedo), enquanto os uniformes do Exército americano também ganharam uma nova interpretação, por conta do efeito visual. É bem provável que o público que deve lotar os cinemas para assistir a Pearl Harbor não esteja nem um pouco interessado na precisão histórica. Os próprios executivos da Disney reconhecem que a fita é uma história de amor ambientada no cenário do ataque. É mais fácil atrair adolescentes interessados no triângulo amoroso formado por Ben Affleck, Kate Beckinsale e Josh Hartnett do que nos desdobramentos históricos da 2ª Guerra Mundial. Pearl Harbor tem o maior orçamento autorizado para um filme (Titanic teria custado US$ 200 milhões, mas a previsão inicial era de cerca de US$ 100 milhões) e tem tudo para virar um sucesso. A preocupação da Disney, no entanto, é conseguir uma boa margem de lucros apenas com as bilheterias, já que, devido ao assunto, não existe a possibilidade de lançamento de produtos temáticos e promoções com cadeias de restaurantes fast-food. Para isso, o estúdio precisa garantir o faturamento no mercado internacional (dois terços do US$ 1,8 bilhão que Titanic arrecadou vieram de bilheterias fora dos Estados Unidos). O filme estréia simultaneamente no mundo inteiro um mês depois de chegar aos cinemas do país (no dia 25). Testes de audiência em vários países vêm sendo feitos para definir quais aspectos do filme devem ser destacados em cada mercado. De acordo com a Disney, até no Japão a produção deve ter uma boa aceitação.

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