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Paxton não quer mais ser a "cara do <i>Twister</i>"

Por Agencia Estado
Atualização:

Bill Paxton está cansado de ser lembrado como "o cara do Twister". Com mais de 40 filmes no currículo, o ator quer conquistar mais respeito em Hollywood, passando a atuar atrás das câmeras. Seu personagem mais recente, um comandante da Marinha americana de U-571 - A Batalha do Atlântico, que estréia amanhã, é descartado logo no início da aventura submarina. "Só aceitei o papel porque, embora pequeno, ele é forte", contou o ator, em entrevista concedida em Veneza, onde o filme dirigido por Jonathan Mostow foi exibido sem caráter competitivo. "Mas não posso mais esperar que um estúdio me procure. Isso pode levar até dois anos", disse o ator, que se prepara para estrear na direção de um longa-metragem. Sua primeira experiência foi com o curta Fish Heads (1982). Em U-571, Paxton vive o comandante Mike Dahlgren, um homem disposto a sacrificar a vida de seus marinheiros (até mesmo a dele) para cumprir uma missão secreta: a de capturar uma máquina que ajudará os países aliados a deterem os ataques alemães durante a Segunda Guerra. "Minha passagem é rápida, mas sou um herói", diz ele, em entrevista ao Estadao.com.br. Estadao.com.br - Qual a motivação para viver personagem de vida tão curta? Bill Paxton - O que importa é o papel e não o tempo que o meu personagem passa na tela. Não tenho muitas cenas, é verdade. Mas por outro lado, tenho de parecer acostumado ao trabalho, como se já tivesse feito isso um milhão de vezes. E esse é o grande desafio. A graça vem da total falta de esforço para convencer. Por ter um papel pequeno, você chegou ao set com a filmagem em andamento. Assim é mais difícil se entrosar? Muito mais. Eles já estavam filmando por quatro meses quando eu cheguei. Eles já tinham encontrado o tom do filme e já conheciam todo mundo. E o pior é que Matthew McConaughey, que interpreta meu subordinado, estava com o cabelo curtíssimo. Como eu sempre procuro o corte de cabelo certo, porque ajuda a construir o personagem, fiquei intimidado. Então, por encarnar o comandante, mesmo por pouco tempo, parti para algo ainda mais severo, raspando a cabeça nas laterais. ReproduçãoBill Paxton: "Em Hollywood, você precisa ser superativo para não ser esquecido" Como foi a experiência de rodar U-571 nos estúdios Cinecitta, em Roma? Foi fantástico filmar as cenas de interiores em réplicas de submarinos da Segunda Guerra. Eu me senti honrado só de pisar nos legendários estúdios. Por sorte, Ridley Scott estava filmando O Gladiador no estúdio ao lado. Quando sobrava tempo, eu dava uma espiada nos sets deles. Você vai dirigir o longa Troublers. O que o leva a trabalhar atrás das câmeras? Eu sempre quis ser diretor. Comecei atuando, mas já fiz pequenos trabalhos nos bastidores. Fui camareiro no filme Big Bad Mama (1974) e fui decorador em Galáxia do Terror (1981). O filme era ruim, mas os cenários eram incríveis (risos). Acho que a direção chega em boa hora na minha vida. Em parte porque eu não quero, depois de tanto trabalho, ver a minha carreira se dissipar. Em Hollywood, você precisa ser superativo para não ser esquecido. Qual a história do filme? Vou contar uma história gótica. A história começa nos dias de hoje e volta aos anos 70, quando eu morro e deixo dois filhos. A morte desse personagem, um mecânico, muda a história de toda a família. Até demônios vão aparecer. O filme terá um toque hitchcockiano. Diretores de primeira viagem se cercam de técnicos experimentes. É o seu caso? Sim. Já contratei Bill Burtler, diretor de fotografia de Tubarão. Ele ajudou Steven Spielberg quando ele estava começando. Eu sei onde quero a câmera, mas prefiro ter por perto alguém que possa abrir os meus olhos para mais possibilidades. O que você acha que faltou em sua carreira como ator para colocá-lo entre os tops? É preciso um papel que faça o público rir e chorar ao mesmo tempo. Tenho orgulho de muitos trabalhos, mas nenhum deles teve tanto impacto. O meu filme preferido é Bright Shining Lie, produzido para televisão. E o mais estranho é que consegui o papel porque o diretor Terry George me viu em Apollo 13, onde não havia muito desenvolvimento de personagem. O que você procura exatamente atrás das câmeras? Controle sobre a carreira? Não. Os atores que passam a dirigir conquistam mais respeito. Atores são avaliados, mas dificilmente respeitados. Mas isso não significa que eu seja frustrado. Só quero mostrar um outro lado meu. Mesmo que eu não faça mais filmes, me nome estará sempre em alguns dos títulos recordistas de bilheteria. Para quem não se lembra, eu estou em Titanic. Ao contrário do que o público pensa, meu currículo não se resume a Twister.

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