Patricia, filha única de Alfred Hitchcock, morre aos 93 anos

Ela, que foi atriz em filmes do pai, morreu enquanto dormia

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Por Hillel Italie
Atualização:

Patricia Hitchcock O'Connell, filha única de Alfred Hitchcock,morreu aos 93 anos, na segunda, 9, enquanto dormia em sua casa em Thousand Oaks, Califórnia, informou sua filha, Tere Carrubba. 

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Ela morreu de causas naturais, disse Carrubba. “Pat sempre foi muito boa em proteger o legado de meus avós e garantir que eles fossem sempre lembrados”, disse Carrubba, uma das três filhas de Patricia Hitchcock. "É uma espécie de fim de uma era agora que todos se foram."

Conhecida por muitos como Pat Hitchcock, ela nasceu em 1928, em Londres, filha de Alfred Hitchcock (cujo aniversário de 122 anos de nascimento será lembrado na sexta, 13) e Alma Reville Hitchcock, e passou grande parte de sua vida ao redor negócios da família. Durante sua infância, Alfred Hitchcock dirigiu clássicos como 39 Degraus, A Dama Oculta e A Sombra de uma Dúvida, e, nos anos 1940, mudou-se para a Califórnia depois de assinar um contrato de vários filmes com o produtor David O. Selznick. Foi quando ganhou a fama global de Mestre do Suspense. Alma foi sua conselheira indispensável, uma ex-editora de filmes que foi decisiva na escolha de histórias pelo cineasta, além de dar dicas para os roteiros.

Alfred Hitchcock com sua neta Mary O'Connell, de seis anos, e sua filha, a atriz Pat Hitchcock Foto: AP

“Minha mãe tinha muito mais relação com os filmes do que realmente lhe foi creditado - meu pai dependia dela para tudo, absolutamente tudo”, disse Pat Hitchcock ao The Guardian em 1999. Pat visitava os sets de filmagem de seu pai enquanto, na adolescência, atuava em peças da escola e aparecendo no palco, incluindo as produções da Broadway Solitaire e Violet

Ela foi admitida na Royal Academy of Dramatic Art de Londres em 1947 e estava prestes a se formar quando seu pai a contatou dizendo que tinha um papel para ela em seu novo filme, Pacto Sinistro, adaptado do romance de Patricia Highsmith. 

A produção de 1951 trouxe Robert Walker e Farley Granger como dois estranhos que se encontram em um trem e concordam - pelo menos Walker acha que eles concordam - com um duplo assassinato: Walker matará a esposa de Granger e Granger matará o pai de Walker. Pat Hitchcock interpreta a irmã de uma mulher (Ruth Roman), por quem Granger está apaixonado.

Pat era uma atriz espirituosa, com um rosto em forma de coração. Seus outros créditos de atuação incluíam os seriados de TV My Little Margie e The Life of Riley e vários papéis na série de TV Alfred Hitchcock Presents

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Ela também teve papéis em Pavor nos Bastidores (1950), dirigido por seu pai, além da sua obra-prima de terror Psicose (1960), em que interpreta uma colega de escritório de Janet Leigh, que mais tarde, no filme, protagoniza a famosa cena de assassinato em um chuveiro do Bate's Motel.

Pat Hitchcock, filha do diretor Alfred Hitchcock Foto: Rene Macura/ AP

Mais recentemente, ela trabalhou para Alfred Hitchcock's Mystery Magazine, apareceu em vários festivais de cinema e em diversos documentários de Hitchcock, além de contribuir com fotografias e um prefácio para Footsteps in the Fog: Alfred Hitchcock's San Francisco, de Jeff Kraft e Aaron Leventhal.

Pat também foi coautora de um livro sobre sua mãe, que morreu em 1982, Alma Hitchcock: The Woman Behind the Man. (Alfred Hitchcock morreu em 1980).

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Pat Hitchcock foi casada por mais de 40 anos com Joseph O'Connell, que morreu em 1994. Eles tiveram três filhos. 

Ela sempre insistiu em dizer que sua infância foi feliz e que seus pais eram normais, mas não poupou a natureza distante e controladora de seu pai, que tinha um senso de humor distorcido e às vezes cruel. Quando menina, ela costumava comer sozinha e foi enviada para um internato, além de ter sido privada de uma educação universitária quando seu pai decidiu que ela deveria voltar para a Inglaterra. Pat sempre lamentou que o pai não mais a escalasse para outros de seus filmes.

Ela contestou uma história da biografia de Andrew Spoto de 1983, The Dark Side of Genius, de que ele a deixou perdida e apavorada por uma hora. “O que aconteceu é que eles desligaram as luzes e fingiram que estavam indo embora - mas tudo não durou mais que 35 segundos. Depois, ligaram as luzes e descemos”, disse ela ao Chicago Tribune em 1993. "A única parte sádica é que nunca recebi os cem dólares."

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