PUBLICIDADE

'Paranóia Americana' mostra obsessão contra terrorismo

Filme de Jeff Renfroe leva ao extremo argumentos para comprovar clima de histeria nos EUA sobre o 11/9

Por Rodrigo Zavala e da Reuters
Atualização:

Paranóia Americana, do diretor Jeff Renfroe, leva ao extremo os argumentos para comprovar o clima de histeria dos norte-americanos a respeito dos ataques terroristas de 11 de setembro, que acabam de completar sete anos. Veja também: Trailer de 'Paranóia Americana'  O filme, que estréia nesta sexta-feira, 12, nos cinemas do Brasil, mostra como qualquer cidadão norte-americano poderia se sentir "os olhos e as mãos" do FBI, ao suspeitar que seu vizinho é um terrorista às vésperas de explodir a cidade. Joe, interpretado pelo ator Peter Krause (da séria de TV, A Sete Palmos), é um contador recém-desempregado. Casado com uma fotógrafa (Kari Matchett, de seriados televisivos E.R. e Ugly Betty), ele espera se recolocar no mercado para conseguir pagar a casa de seus sonhos. Com muito tempo livre em seu apartamento, Joe nota alguns hábitos estranhos de seu vizinho Gabe Hassan (o egípcio Khaled Abol Naga): ele não tem mobília, descarta seu lixo durante a madrugada e espreita os condôminos pela janela. Costumes que poderiam passar por excêntricos se o rapaz não fosse "do Oriente Médio", como o protagonista define de forma genérica. Impressionado com a massiva propaganda contra-terrorismo na TV americana, Joe passa a crer que o vizinho é um criminoso em potencial. Começa a vigiá-lo, para desespero da esposa, e, mais tarde, persegui-lo. Qualquer detalhe é determinante para a certeza de que se trata de um real aliado de Osama Bin Laden. A convicção do personagem persiste, mesmo quando um agente do FBI, Tom Hilary, (Richard Schiff, de Ray) assegura que Gabe é apenas um estudante de mestrado, com bolsa de estudos financiada por uma organização filantrópica. Mas não há quem possa dissuadir Joe. Ao longo do filme, fica clara a idéia de que se trata de um suspense psicológico, em que a tensão coloca em xeque o dilema herói ou vilão. Nesse sentido, o diretor faz uma crítica pungente às próprias ações norte-americanas no mundo. Analisa-se o local em busca do global. No entanto, a superficialidade do roteiro, principalmente na construção pouco eficiente dos personagens, não permite o suspense. As ações dos protagonistas são arbitrárias. As desconfianças não se sustentam e apenas são alimentadas por uma persistente trilha sonora incidental. O filme perde também com o elenco. Peter Krause não convence como alguém entre o desequilíbrio e a persistência. Seu colega de cena, Khaled Abol Naga, da mesma forma, não passa qualquer credibilidade, seja como vítima ou algoz. Um erro estratégico, já que o ator, famoso no Egito, tenta agora carreira nos EUA.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.