PUBLICIDADE

‘Pânico’ retorna às telas após uma década e com novos personagens

Maníaco da máscara volta a atacar e Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette comentam filme que chega quinta aos cinemas

Por Dave Itzkoff
Atualização:

Vinte e cinco anos depois de Pânico, Neve Campbell ainda está vendo o Ghostface em todos os lugares aonde vai. Trata-se de uma identidade fictícia adotada por vários personagens da série desse filme, em que um personagem aterrorizador se esconde por trás de uma máscara.  No Halloween passado, Campbell levou os filhos a um canteiro de abóboras em Hollywood, onde eles viram outros visitantes com as máscaras do Ghostface usadas pelos assassinos que atormentaram sua personagem nesses filmes de terror que não morrem nunca. Embora os fantasiados não parecessem notar Campbell, ela resistiu aos apelos de seu filho mais velho para revelar que eles estavam na presença de Sidney Prescott, a intrépida heroína que ela interpreta desde 1996. “Meu filho de nove anos não viu os filmes, mas obviamente sabe deles”, disse Campbell. “E ele disse, ‘Mãe, você tem de falar com eles!’. Mas eu não ia chegar e ficar tipo, ‘Ei, você sabe quem eu sou?’.” Ela riu e acrescentou: “Embora provavelmente fosse ser divertido para eles”.

Neve Campbell, David Arquettee Courteney Cox em Beverly Hills em novembro. Após mais de uma década, Campbell, Cox e Arquette rvoltam para mais um filme de terror da franquia 'Pânico'. Foto: Elizabeth Weinberg/The New York Times

Ouvindo a história de Campbell, duas outras estrelas de Pânico brincaram sobre o jeito como suas conexões com os filmes os afetaram durante o Halloween. Courteney Cox, que interpreta a estridente personalidade de TV Gale Weathers, disse que mantém seu próprio estoque de máscaras Ghostface: “Comprei cinco na Amazon”. David Arquette disse que sempre foi fácil lembrar às pessoas sua identidade na tela como o desafortunado policial Dewey Riley: “Por que você acha que tenho esse bigode?”. Com seu lançamento, Pânico reinventou os filmes de terror slasher, povoando-os com membros de um elenco fotogênico que eram bem versados nas regras do gênero e cansados de seus clichês. O filme lançou seu roteirista, Kevin Williamson, ao estrelato, revigorou a carreira de seu diretor, Wes Craven, e inaugurou uma indústria de imitações e paródias. O sucesso crescente do primeiro filme promoveu seus atores principais: Campbell, então estrela do drama de TV O Quinteto (Party of Five); Cox, à época desfrutando de seus primeiros surtos de sucesso em Friends; e Arquette, descendente de uma família de atores. Três sequências os uniram para o resto da vida. Cox e Arquette se apaixonaram e se casaram. Mas, depois de Pânico 4, em 2011, a série pareceu exaurida. Naquela época, Cox e Arquette haviam se separado e tempos depois se divorciariam; Craven morreu em 2015. Uma série de TV com o mesmo nome e apenas vagamente conectada aos filmes ficou três anos no ar na MTV e VH1, mas ganhou pouca tração cultural. Agora, após uma década de ausência dos cinemas, um novo Pânico – sem número nem subtítulo, com novos diretores (Matt Bettinelli-Olpin, Tyler Gillett) e roteiristas – será lançado na quinta, 13. É tanto um reboot quanto uma sequência, introduzindo novos personagens (interpretados por Melissa Barrera, Jenna Ortega, Jack Quaid e outros) para um público acostumado a reedições de franquias como Star Wars: O Despertar da Força e também a filmes de terror de arte como O Babadook e Midsommar.O mais recente Pânico traz de volta Campbell, Cox e Arquette como as personagens fundadoras, que agora são adultas e foram tocadas de maneiras diferentes por seus encontros com os vários assassinos Ghostface. Para os atores, a proposta de retornar a Pânico é uma faca de dois gumes: uma chance de reacender velhas conexões e relembrar aquilo que fez os filmes anteriores serem ótimos, mas também um medo de estragar o legado da série se não conseguissem repetir as glórias passadas. Quando foi abordada sobre o novo filme, Cox disse: “Eu realmente fiquei tipo, ‘o quê? Eles querem fazer mais um Pânico?’”. Mas, ao refletir mais sobre o assunto, ela pensou: “Por que não voltar para uma coisa que foi uma parte tão importante da minha vida e interpretar uma personagem que era tão divertida? Eles devem ter uma boa ideia para trazer de volta a franquia e assumir o risco”. Conversando numa entrevista por vídeo no fim de novembro – Campbell e Cox juntas numa janela, Arquette sozinho em outra –, os atores demonstraram uma certa intimidade, como velhos colegas se encontrando numa reunião do colégio. Eles deram risada dizendo ter esquecido detalhes importantes sobre os filmes Pânico e fizeram piadas autodepreciativas sobre suas atuações. Questionada sobre sua contratação, Cox disse que seu agente a tinha sugerido. Ou: “Pode ser que meu agente tenha dito: ‘Ela não é muito boa e não acho que você deva contratá-la’. Mas quem sabe?”. Numa coisa eles concordaram a respeito do primeiro filme: o brilhantismo do roteiro inovador de Williamson e sua admiração por Craven, que já tinha feito filmes de terror seminais como A Última Casa e A Hora do Pesadelo. O elenco ficou bem protegido dos conflitos de bastidores entre ele e a Dimension Films, que produziu a série original Pânico e tinha reservas quanto ao trabalho de Craven no primeiro filme. Campbell disse sobre o diretor: “Ele era muito gentil, amável e quieto”.Pânico resistiu a um quarto lugar no fim de semana de estreia em dezembro de 1996, ofuscado pelo hit de animação Beavis e Butt-head na América. Vários dias depois, Campbell recebeu uma ligação de seus agentes. “Pensei, Uh-oh, tem alguma coisa errada”, ela lembrou. “E eles disseram: ‘Está em US$ 30 milhões’.” Sua voz virou um sussurro: “Eu fiquei tipo, ‘Isso é ruim?’”. Na verdade, o filme iria se firmar até o verão e arrecadaria mais de US$ 100 milhões só nos Estados Unidos. Uma sequência já estava em produção e seria lançada em dezembro de 1997 (“Depois foi faculdade, não foi?”, Campbell perguntou. “Você foi para a faculdade”, afirmou Arquette). Pânico 3 veio logo em 2000, acrescentando mais camadas de metacomentário, com as lutas das personagens contra a morte inspirando uma franquia-dentro-da-franquia feita às pressas, chamada Stab. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.